sábado, 12 de dezembro de 2009

Ainda Honduras...

Aos poucos, algumas "previsões" vão se confirmando, e para o bem das relações externas do Brasil.

A principal delas é gradual a aceitação da nova situação política de Honduras.

Não há comunicação oficial dessa mudança no Itamaraty. Inicialmente, Lula negou a aceitação da eleição hondurenha "peremptoriamente", dias depois, Dilma veio a público com discurso mais ameno, a cúpula brasileira mostra sinais de distensão.

Já não era sem tempo, a situação caribenha estava, mesmo, toda errada, mas caminha para solução final:

Zelaya não poderia ter dado início ao referendo que lhe concederia o direito à re-eleição.
Fê-lo porque sabia que o candidato de seu partido não ganharia as próximas eleições, mas ele sim poderia ganhar devido a sua alta popularidade.
Realizou, entretanto, uma manobra anti-constitucional, o que daria margem legal para sua deposição.

Micheletti, o Presidente da Suprema Corte Hondurenha, também errou, não poderia ter enviado o Exército à casa de Zelaya para deportá-lo do país, bastava destituí-lo da Presidência. Da forma como agiu, Micheletti passou a impressão de que poderia dar um golpe militar, acirrando os ânimos interna e externamente.

O maior temor das chancelarias de Brasil e dos EUA era o de que Micheletti tomasse gosto pelo poder e resolvesse ficar com a cadeira de Presidente por "tempo indeterminado", por bem, esse temor não se confirmou.

Em vista dessa grande desordem, a decisão mais acertada foi a de "zerar o jogo".
Assim, acelerou-se a nova eleição presidencial no país, essa, sem Zelaya.

Como previsto, o partido opositor foi vencedor.

O novo Presidente, Porfirio Lobo (foto), assume seu posto no meio de janeiro de 2010.
A maioria dos países influentes do mundo já deu seu aval ao novo governo caribenho, ou estão próximos disso, o abrandamento do discurso brasileiro mostra que o "staff " de Lula sabe que sustentar posição contrária aos fatos poderá significar perda de pontos diante de grande parte da comunidade internacional.

Vi uma pergunta feita (não lembro por quem) que exprime uma dúvida minha:

Mahmoud Ahmadinejad foi re-eleito Presidente do Irã recentemente.
Sua recondução foi cercada de dúvidas e suspeitas, falou-se muito em fraude eleitoral.
Dentro e fora de seu país houve protestos e pedidos de recontagem de votos, o que não ocorreu.

À época, Lula declarou que:
"Eleições são como Fla-Flu no futebol, sempre haverá a reclamação do perdedor, mas deve-se aceitar o resultado do jogo".

Com esse argumento, Luis Inácio justificou sua aceitação em relação ao governo persa re-eleito.

A situação no Caribe é muito mais clara do que no Irã e sua solução já foi alcançada.

Por que o Brasil se posiciona de maneira tão diversa nos dois casos?
Por que ainda hesitamos em relação à república caribenha?

De minha parte, torço para que o nosso País aceite oficialmente o novo governo de Honduras o quanto antes, pois esse já é fato consumado para o resto do mundo.

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