segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Qual Floresta vale mais? A Replantada ou a Nativa?

A resposta a questão do título parece óbvia, mas o "Tratado de Kyoto" parace ter uma resolução distinta do senso comum.
Semana passada (22/09), o Governador do Amazonas, Eduardo Braga em entrevista ao programa "Canal Livre" da TV Bandeirantes levantou um questionamento muito interessante sobre os mecanismos do famosíssimo "Protocolo de Kyoto".

A esta altura já é certo que Kyoto faliu, a não ratificação norte-americana sepultou este tratado.
Mesmo assim, alguns países que ratificaram o protocolo começaram a implantar parte dos acordos feitos, visto que boa parte de suas estratégias tinham algum fundamento.

O Governador Eduardo Braga falou sobre muitos assuntos interessantes nesta entrevista à "Band", inclusive dados que me espantaram positivamente.

Ele disse que: 98% da Amazônia em seu Estado está preservada (e deve isso à existência da Zona Franca de Manaus, que atraiu para si todo impacto industrial que poderia ser gerado na Floresta), talves o argumento soe um pouco exagerado, mas têm lá sua coerência .

Também falou muito sobre o valor da diversidade biológica e cultural brasileira, e dos constantes "ataques" das Multinacionais "Gringas" ao nosso patrimônio natural (vulgarmente conhecida como BIOPIRATARIA), e do esforço que está sendo feito para controlar, fiscalizar e regulamentar esta ação predatória em seu Estado. Atitude louvável ( e que falarei melhor futuramente, pois este assunto muito me interessa).

Sobre Kyoto, específicamente, o Governador levantou um questionamento muito significativo:

O Tratado prevê a remuneração aos países que resolverem replantar florestas devastadas (o que é ótimo para àqueles que já destruíram suas florestas e querem te-las, novamente, de alguma forma).

Todavia, NÃO HÁ NENHUM TIPO DE REMUNERAÇÃO para os países que preservam suas florestas "EM PÉ".

Ou seja, se o Brasil (hipotéticamente) transformasse a Amazônia em "pasto" e depois replantasse tudo , teria mais compensações financeiras do que mantendo -a intacta. UM ABSURDO.

Como detentores de tamanha riqueza natural deveríamos exigir que o próximo Tratado do Clima (se houver), inclua remuneração à "Floresta Nativa", pois as nossas Florestas possuem uma infinidade de valores, materiais e imateriais que nenhum dinheiro pode pagar, mas que com dinheiro investido corretamente, pode-se auxiliar a preservar.

Por isso acredito que a doação da Noruega (recentemente o país nórdico anunciou doação de US$ 1 Bi de ao Brasil a serem investido na preservação da Amazônia, nos próximos 7 anos), não deve ser encarada como tentativa de "comprar" a Amazônia. E sim, como um algo feito para o bem do Planeta.

(não sou "Pollyana", sei que não existe isso de "almoço grátis", mas prefiro pensar que os "vikings" já entenderam que Floresta de pé é mais lucrativa do que florestas de eucalipto replantado).

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A Malária Chega ao Nordeste.

Que o aquecimento Global já está começando a causar alterações drásticas
no clima da Terra não é novidade. Mas , ao contrario do que se pensa não é só de derretimento de calotas e inundações das costas litorâneas que vem o problema.
Parte da dificuldade futura será o avanço das doenças tropicais em locais, que antes, eram "inatigíveis" por elas.
Tinhamos os exemplos da Febre Amarela e da Dengue. Doenças "extintas" do Brasil na década de 90, mas que voltaram com força total nos anos 2000. Se no Rio de Janeiro tornou-se uma calamidade, em São Paulo faltou pouco para ocorrer o mesmo.
Notícia do G1 do dia 17/09 (http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL762834-5598,00.html) afirma que já há casos de Malária no litoral Maranhense.
(Para quem não sabe, o Maranhão é um Estado que possui o que é demoninado "Floresta de Transição", ele está numa "fronteira" entre a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica (ou o que restou dela).
A Malária pode ser trasmitida por alguns tipos de mosquito são eles: o
Anopheles Darlingi,
O Anopheles Plasmodium falciparum
O Anopheles P. Vivax
No caso maranhense, o mosquito mais comum é o primeiro da lista, o Anopheles Darlingi . De uma maneira geral, todos esses mosquitos são mais adaptados ao clima Amazônico e tem mais dificuldade de sobreviver em locais que não possuam a humidade e o calor da Floresta Tropical, ou seja, na Mata Atlântica, sua incidência era mais rara .
Existia, portanto, uma barreira natural que dificultava o acesso do mosquito (e da doença) e limitavam seu alcance em território brasileiro, afetando apenas, a Região Norte do País.
Aparentemente essa barreira natural está "afrouxando".
Causas como o desmatamento e o aquecimento global estão ampliando o raio de ação dos mosquitos, que agora podem "invadir" o Nordeste causando mais um ENORME problema de saúde para os governantes da "Terra Brasilis" .
Para mim fica clara a relação direta entre preservação ambiental e saúde e bem-estar.
Evitar o desmatamento irregular e as queimadas podem, de "quebra", evitar uma catastrofe sanitária.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Diamantes de Sangue - Made in Brazil

Pouco se fala, mas o Brasil já é um dos maiores exportadores de diamantes (ornamentais) do mundo. Não é um fato propalado por nosso gorvernantes pois é uma atividade ilegal que gera esta riqueza.

Esse recorde ocorre porque os diamantes em questão saem de uma Terra Indígena, a TI Roosevelt (dos índios Cinta-Larga), em Rondônia. Esses índios ficaram conhecidos em 2003 pelo massacre de mais de 30 garimpeiros que lavravam em sua terra. O Garimpo em TI, que sempre foi ilegal, passou a ter maior controle de autoridades e a Polícia Federal começou a vigiar (o que podia) desta rica TI. Ali, na TI Roosevelt reside uma das maiores (senão a maior) jazida de Diamantes do Mundo todo.
Há relatos de que já se achou diamante "brotando do chão" (literalmente) após chuvas mais intensas. A grande diferença desta jazida é que, em uma jazida comum, 90% dos diamantes são industriais e só 10% são ornamentais, na TI Roosevelt ocorre o inverso.

Saem dali diamantes raros e de ótima qualidade , coloridos inclusive .

Os índios (caciques em sua maioria), que possuem um conhecimento melhor do mundo dos brancos passaram a controlar a extração dessas pedras na TI e a lucrar com isso. Põe mais de 3000 índios para trabalhar e ficam com grande parte do resultado.
Moram em casas na cidade (com segurança e circuito de TV) e andam de Jipes importados.

Mas como as pedras saem dali?

De várias maneiras. De avião (em aeronaves que pousam direntamente dentro da TI em pistas clandestinas); a pé, com os garimpeiros "menores" e nas "partes intímas" de todo tipo de pessoa que circula na área, até mesmo de alguns Políciais corruptos (que sempre existem por ai).

O lucro é dividido entre funcionários da Funai, com policiais e até com a parte da alta cupula da política rondoniense. (gostaria de deixar claro que nem todos os que ali estão fazem isso, mas que isso existe, sim, existe).

As gemas "viajam" para Cuiabá (MT), Minas Gerais e São Paulo, aonde são "esquentadas" (ou nem isso).
Ganham certificado do DNPM para poder circular de maneira livre pelo país. Dali vão para Antuérpia (Belgica) ou Tel-Aviv (Israel).
Locais aonde viraram jóias que adornarão pescoços abastados. Se voltarem ao Brasil, será em forma de uma boa caneta "Mont Blanc" ou em algum Relógio "Bulgari", ou bracelete "H. Stern".

Estas empresas dizem pedir "certificado de origem", mas quem garante? Pergunte a alguma socialaite o que é isso? tenho certeza que ela também não saberá.

A máfia dos diamantes é algo restrito a uma comunidade específica do Oriente Médio e os acordos são feitos na base da "palavra" e do sobrenome. Pouco importam papeis.

Cada vez que se ouvir sobre a prisão de contrabandistas com diamantes na região central do Brasil, pode ter certeza, essa carga saiu da TI Roosevelt (custando a saúde e/ou a vida de algum individuo Cinta-Larga, ou miserável garimpeiro).

São diamantes de sangue, mas sem o glamour da encenação de um Leonardo Di Caprio para dar o tom drámatico da situação.

(este assunto é muito sério e, no momento, não estou com o tempo necessário para escrever tudo o que sei sobre ele. Espero que isso já dê uma ideia do que falo, em breve escreverei mais detalhadamente, dando nomes aos bois, se possivel).

sábado, 13 de setembro de 2008

Angra 3 e suas 50 irmãs.

O Jornal "O Dia" datado de 13/09 afirma que nos próximos 50 anos o Governo Federal pretende construir 50 Usinas Nucleares, dando um acrescimo de 60 mil megawatts em aporte energético no país.

Ou seja, pretende-se que metade da energia elétrica brasileira tenha origem nuclear.

Não sou contra a energia nuclear, esta é a mais "limpa" dentre todas as formas encontradas pelo Homem para a produção em larga escala, mas por que tantas?

Fazendo uma média simplista, é como se cada Estado da Federação ganhasse, ao menos, uma usina e meia. Aonde caberá tudo isso? E no caso de uma catástrofe com uma delas (afinal seriam 50)?

Não se pode esquecer que as de Angra foram construidas em um local que os indígenas chamavam de "pedra mole" (não vou lembrar a nomenclatura exatamente). Mas deve explicar o o medo de quem mora ali próximo (uma das partes mais bonitas de Mata Atlântica ainda existentes) em enfrentar uma versão tapuia de "Chernobyl".

Com fundações em "pedra mole" e outros problemas , nos anos 80, a usina foi apelidada "vaga-lume" , pois era frequentemente ligada e desligada, reflexo de seu alto custo de manutenção e baixa produtividade energética.

Mal se decidiu o futuro de Angra 3 e já planejamos mais 50 Usinas.....

Será que não há outras maneiras de se garantir fornecimento energético a longo prazo? Será que revitalizar as linhas de transmissão e as Hidrelétricas já existentes não dariam um acréscimo de alguns gigawatts? E a Biomassa? e a energia solar? e os Cata-ventos, as "usinas de ondas"..... ?

Por que arriscamos tanto?

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Repercussão na Mídia, Nada como um pouco de divulgação.

Gostaria de agradecer a todos que acessaram meu Blog recentemente

Percebi o quanto o ultimo post foi polêmico, isso só me dá forças a continuar escrevendo cada vez mais e melhor.

Espero arrebanhar mais leitores, e assim, transformar este espaço em um local de discussões e debates relevantes.

Tomara que aqueles que tenham gostado da matéria de "Isolados" voltem (algum dia) para ler mais sobre algumas reflexões relacionadas à questão indígena e ambiental.

Nada melhor do que uma divulgação involuntária.
Também fui pego de surpresa ao entrar no Terra Magazine segunda feira.
Espero ter cada vez mais surpresas do tipo.
Obrigado ao Bob Fernandes (talves o meu leitor "mais famoso" até o momento) e grande responsável por este "baby boom".
Não o conheço pessoalmente (apenas leio o Terra Magazine quando dá), e nunca imaginei ver meu blog "anunciado" ali.
Devo ter "mandado bem" para isso ocorrer.
Espero poder manter o alto nível e continuar chamando a atenção da "Grande Mídia".

Aos Leitores,
MUITO OBRIGADO!

Abraços.

Tigê

domingo, 7 de setembro de 2008

Ainda há índios isolados no mundo?

Há um mês, mais ou menos, a mídia divulgou uma foto de índios isolados na fronteira do Acre com o Peru (mais exatamente na Terra Indígena do Rio Evira).
Esse tipo de notícia ainda causa certo espanto, pois é quase absurdo crer que já no século XXI e, em plena época da "Idade Mídia", ainda possa haver alguma população isolada.

Mas Há!

Estimativas
apontam para mais de 20 grupos espalhados pela selva amazônica entre Brasil e Peru.
Como são isolados pouco se sabe sobre eles, e o desejo governamental é saber "cada vez menos".
Algo como : "Viva e deixe viver".

O Sertanista Sidney Possuelo diz que: " Índio bom é índio bravo".
Ele mesmo já fora vítima de emboscada de "isolados" quando andava por aquelas paragens. Tomou uma flechada no rosto que quase o matou.... mesmo assim defende a manutenção do isolamento.
O desejo de "desconhecimento" não impede que haja algumas informações sobre a situação dessas populações.
São difíceis de serem contatados, mas, às vezes, deixam rastros de sua existência.
  • São Nômades. Vivem em comunidades pequenas de 30 a 80 indivíduos (o que garante rápido deslocamento pela selva). Quando a comunidade cresce demais, tendem a se dividir em duas menores.
  • São caçadores e coletores.
  • Seu armamento é, em geral, feito de pedras e madeira (zarabatanas, arcos, flechas, bordunas e machadinhas). Mas, quando podem, assaltam viajantes e mateiros em busca de facas e outros utensílios usados por nossa cultura.
  • Evitam contato direto com a sociedade branca, mas o fazem em situação que estão em maior número, para saquear acampamentos dos "invasores" (é muito comum que matem a "ameaça" externa como forma de garantir sua sobrevivência).

Ou seja, eles sabem da existência de nossa sociedade. COM CERTEZA!!!

Povos que já foram isolados (mas que hoje têm contato conosco) afirmam que o barulho feito por máquinas e árvores cortadas como "raio laser", eram sinais como os de E. T.´s. efetuando invasão. Ou seja, sinal de perigo.

Isso nos leva a crer que o isolamento é voluntário, quer dizer que eles têm medo do nosso contato (talvez prevendo a loucura de nossa civilização) e fogem cada vez mais "mata a dentro".

De qualquer maneira é importante efetuar um cadastro "mínimo" sobre a existência desses povos.

Primeiro, porque ainda há no mundo quem pense que não há mais povos isolados. O jornal Britânico "The Guardian" chamou de "fraude" as fotos dos "Isolados do Rio Evira". Comparou os "Isolados" ao Monstro do Lago Ness (dizendo que há relatos de sua existência, mas que nunca foram, de fato, vistos) .

O Jornal teve de se retratar publicamente depois que o "Terra Magazine " e o Governo Brasileiro encaminharam protesto formal e provas da veracidade dos documentos apresentados.

O Governo Peruano também duvida da existência dessas populações por uma razão mais "mundana".

A Amazônia fronteiriça é um local que possui, entre outras coisas, madeira de lei, petróleo e gás natural. Ao assumir a existência desses povos, cresce a pressão interna e externa para a proteção dessa gente (principalmente no tocante à demarcação de Terras).

Sendo um local de interesse econômico intenso, é melhor duvidar da existência e, com isso, dar continuidade a extração mineral e vegetal da região.

Ou seja, apesar de ser quase "poético" imaginar sociedades em "estado bruto", ou como diria Hobbes "em estado de natureza" em pleno século XXI, deve-se vê-los como "refugiados ambientais", em constante ameaça de morte e que correm para locais cada vez mais isolados do mapa para garantir sua sobrevivência.

ÍNDIOS ISOLADOS EXISTEM, MAS CORREM O RISCO DE EXTINÇÃO.

(Foto, fonte Funai)