sexta-feira, 29 de julho de 2011

Só o egoísmo salvará a espécie humana.

Questão Ambiental é a grande preocupação do momento. Carros "verdes", energias renováveis, shows de rock "sustentáveis". Ecologia, agora, é "mainstream". Há uma profusão de: "Salve as Baleias"; "Proteja a Amazônia", "Preserve a Natureza.".... Nas Conferências do Clima (COP-15, COP-16...) há quase uma aceitação geral de que o aquecimento terrestre é responsabilidade humana; sendo assim, políticamente são decididos os "limites" para o aumento da temperatura na Terra. Até agora, diz-se, 2 graus Celsius a mais de aquecimento, em média.

Em meio a essa profusão de dados, são esquecidos aspectos importantes da discussão:

1) NÃO EXISTE "DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL"

Ou há desenvolvimento ou há sustentabilidade. São decisões excludentes. A aceitação de um é a negação do outro. Aparentemente, a nossa escolha já foi feita, durma-se com ela.

2) O AQUECIMENTO GLOBAL NÃO PODE SER LIMITADO POR MEIO DE DECISÃO POLÍTICA


Alguns políticos falam em, aumento médio de, 1 grau nos próximos 100 anos. Outros falam em 2 graus, ou em 3 graus. Ignora-se o aspecto mais importante: A Terra já passou, dezenas de vezes, por processos de aquecimento e resfriamento. Extinções ocorreram, espécies foram criadas e destruídas. O Planeta permaneceu. Quando políticos decidem, na "canetada", o quanto estão dispostos a degradar o meio ambiente, esquecem-se do mais importante: Na última vez em que o Planeta esteve 3 graus mais quente (ou 3 graus mais frio), não havia seres humanos na Terra. Perde-se de vista que é a sobrevivência de nossa espécie (Homo-Sapiens-Sapiens) que está em jogo. Levaremos, conosco, milhares de organismos vivos (já exterminamos vários até o presente momento), extinguiremos outros mais.... No aspecto macro-ecológico isso não significa NADA. Se sobrar apenas um organismo unicelular, a vida poderá florecer novamente no Planisfério. Isso ocorreu anteriormente, nada impede que se repita. A grande diferença é que os ciclos planetários demoram milhares ou milhões de anos, o ser humano está alterando o ambiente em centenas de anos, muito pouco tempo para que todas as espécies se adaptem de forma adequada.

3) NÃO É O PLANETA QUE ESTÁ EM RISCO DE EXTINÇÃO, É O SER HUMANO.

Posso ser acusado de "egoísmo", visto que defendo a preservação humana; entretanto, egoista é o pensamento da espécie que, arrogantemente, se sobrepõe à vida de todas as outras que coabitam essa "rocha". Salvar as baleias, as focas, os ornitorrincos.... é importante, mas, é mais importante a NOSSA salvação. Se lograrmos salvar a nossa espécie, a reboque, salvaremos outras tantas.

Tem-se que ser considerado que, em última instância, o Planeta é maior do que a arrogância humana, seus mecanismos cíclicos são auto-reguláveis e a vida teima em reaparecer, mesmo após extinções massivas. A vida será destruida, mas voltará, não voltará no mesmo formato, mas voltará, centenas e centenas de vezes. Essa é uma verdade irrevogável.

Há, ainda, aqueles que acreditam que o ser humano deve lançar-se ao espaço para colonizar outros mundos. Estes se esquecem que o local mais adaptado à vida humana é a Terra. Viver em outros locais não é possível e, mesmo que um dia seja, será caro demais para que todos possam se mudar. Ainda é mais barato mudar nossa própria casa do que buscar outra.

A campanha está errada. Não é "Salve o Planeta" ; mas sim : "Salve a Humanidade".





(Imagem: fonte https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuQO18uU3Fs-jraxNqL1l2HuF9VDFrhuC2fDANlNNDVW93WrVjtoMI7t_atibBdnA81pU_qPv8Qjdb2viKahreEep_hdLXl8JwVw5OM9nzWVbcCJbdNCNBHyFKubEu4DjcI3xcUTVGz01J/s1600/Egoismo%255B1%255D.jpg)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A arte de reaprender a escrever.

Escrever é arte. Usando esse conceito, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto,justificou o fim da obrigatoriedade de diploma, para o exercício da profissão de jornalista.
Concordo com o magistrado, difícil é ser criativo e respeitar a norma culta ao mesmo tempo. No início de Maio, vivenciei momentos de profundo desalento, motivado pela dificuldade em adaptar-me a rigidez do português oficial.

As provas para o Itamaraty haviam passado e eu iniciava o Curso Clio, especializado nesse exame, para aumentar minhas chances no certame do próximo ano. Minha vida deu uma guinada após a mal-fadada AULA DE REDAÇÃO. O professor, um carioca chamado Max, muito gente fina, foi diretamente ao ponto:
Vocês são diferenciados, não é qualquer um que decide pela diplomacia. Provavelmente, foram ótimos alunos durante toda sua vida acadêmica, muitos de vocês já devem ter mestrado ou doutorado, outros devem, até mesmo, ser professores universitários. Notas baixas não fazem parte da sua realidade. Pois é, isso é passado. Esse curso vai ensiná-los a usar a norma culta no grau mais exigente possível. Vou "canetar" suas redações sem piedade, serão comuns os ZEROS e, mesmo, notas NEGATIVAS. Preparem-se!
Em seguida, veio um bloco de folhas com tudo o que se pode e o que não se pode fazer em uma redação de Segunda Fase - do Exame de Admissão do Instituto Rio Branco - a lista dos "NÃO" era muito mais extensa do que a do "SIM". Sai da sala abalado, fiquei "sem chão". Tudo o que havia aprendido até ali não servia. Mais de 20 anos construindo um estilo próprio de escrita e teria de abdicar dele. Senti como se tivessem me roubado a identidade. Pensei em desabar ali mesmo, cogitei desistir de tudo e virar "hippie". A primeira tarefa, uma interpretação fácil, de 25 linhas, sobre Machado de Assis, não consegui nem começar. Na semana seguinte, fui conversar com o professor, contei-lhe sobre o meu "travamento" e perguntei-lhe se deveria fazer um "pré-curso" de Redação antes de fazer esse. Fui acalmado, o carioca mandou-me fazer do jeito que estava acostumado, as correções seriam feitas sem piedade, mas haveria ensinamento conjuntamente com a "canetada". Comparou a nova fase como alguém que aprender a dirigir automóvel. No início, é complexo, depois, "sai naturalmente". Ganhei confiança.

No início, achava que seria o curso mais difícil da minha vida. Mudei a abordagem, decidi que seria o melhor curso da minha vida. Faria as propostas de aula até ficarem do jeito que eu queria. Atualmente, reescrevo cada redação, em média, 5 vezes, antes de entregar, trabalho, o que me toma uns 5 dias. Quase não me dedico ao resto do curso, aprender esse formato de escrita do Itamaraty virou questão de honra, obsessão. Será duro quando tiver que fazer a resenha em 5 horas.

Passaram-se 2 meses desde o início do curso, a exigência é alta mesmo, achava que perderia meu estilo, hoje, vejo que meu estilo ficará ainda mais apurado. A falta de recursos linguísticos faz aflorar a criatividade. Não ZEREI em nenhuma tarefa, minha média de notas é 7.5, parece pouco, mas, não é. Sei que sou um dos melhores da classe, sem mestrado e sem doutorado, ânimo renovado. É surpreendente quando a pessoa apanha em todas aulas e sai feliz. Consegui postar minha primeira dissertação, espero que o tamanho dela seja suficiente para a leitura e que os (poucos e corajosos) leitores desse blog, tenham paciência para chegar ao fim dela. Deu muito trabalho para ser concluida, e o dobro de satisfação após ser corrigida.

Devo agradecer ao Celso Forster, amigo de infância e jornalista, que me ajudou a colocar os pensamentos no lugar quando a situação estava crítica e eu pensava em desistir. Obrigado, irmão.



(Fonte da imagem: http://www.not1.com.br/wp-content/uploads/2010/11/caneta-tinteiro-colecionadores.jpg)