sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O Velho Profeta e o Neo-Capitalismo

A Crise Mundial que nos assola não matará o Capitalismo.

Este regime econômico atravessa os séculos graças a sua incrível capacidade de adaptação à condição política e social que se desenha naquele determinado momento histórico.

Um dos melhores termos que já ouvi para descrever este caráter “camaleônico” do Capitalismo é: "Conservadorismo Dinâmico".

Como Cientista Social que sou, fica quase impossível não citar a obra de Marx, este Gênio responsável por um dos melhores trabalhos científicos já publicados sobre um modelo econômico.

Talvez K. Marx seja o maior responsável por desvendar a "alma” deste sistema econômico (e que para muitos de meus companheiros de profissão tornou-se quase um "Deus na Terra", justamente pelo ineditísmo de seu pensamento).

Na verdade, não vou tão longe, ele era um dos melhores cientistas (de ciências humanas) que tivemos, mas esteve longe de ser Divindade.

Outros cientistas sociais "enchem a boca" para falar de (São) Karl Marx, mas no fim, só leram o "Manifesto Comunista" e alguns capítulos-chave de "O Capital" (assim com eu também fiz, pois, “O Capital” é enorme, complexo e, ainda assim, não chegou a ser finalizado ).

A análise marxiana é adequada à sua época.

Suas descobertas em relação a "mais valia" e ao "fetiche da mercadoria" foram essenciais para o melhor entendimento do sistema econômico que nos cerca até hoje.

Naquela época não se falava (tão pouco se imaginava) uma Crise Ambiental como a que vivemos hoje, muito menos, o tamanho do impacto da produção industrial na Natureza.

É preciso uma reavaliação de alguns conceitos, pois, a equação econômica do modelo marxiano possui uma variável ambiental, que na época de Marx estava oculta em seus estudos, mas hoje está incrivelmente latente.

Torna-se cada vez mais necessária a explicitação do valor (intrínseco) que o ambiente possui na produção industrial moderna.


A ONG WWF lançou um relatório em que considera o Brasil o 2º. maior credor ambiental do Planeta, perdendo apenas para os EUA (!!!???).

A conta da ONG inclui o impacto direto e indireto da produção e comercialização de produtos industrializados no ambiente natural.

Ou seja, a carne que é exportada do Brasil para a Europa passa a contabilizar as áreas desmatadas na Amazônia para pasto e também a água consumida pelo gado durante seu processo de engorda.

A WWF vai mais longe, afirmando que o cálculo do PIB deveria considerar (inclusive) os recursos naturais necessários à geração da riqueza daquela Nação.

Quem sabe, com essa mudança de postura (e consequentemente de cálculo), o Mundo comece a perceber que o valor do produto vai além do preço expresso na etiqueta...

Passaram-se quase de 150 anos desde que Marx escreveu seu "Master-Piece"... Muros subiram e caíram, bolsas quebraram e voltaram, houve duas Guerras Mundiais, e outras tantas guerras quentes e frias, bombas atômicas, conquistas espaciais e medicinais...

E o Capitalismo continua sendo encarado por muitos como na época de K. Marx.

Enquanto for desta maneira, não haverá saída para crise ambiental que bate à nossa porta.

Na minha humilde opinião, caso a produção industrial comece a contabilizar o passivo e o ativo ambiental das nações, o Brasil finalmente perderá sua condição de "emergente" para se tornar, enfim, a "maior Nação do novo milênio", capaz de criar novos paradigmas de desenvolvimento.

Pré-requisitos? Temos de sobra...

Mas isso é apenas um devaneio de um sociólogo/ambientalista sonhador

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Mundo poderia banir energia fóssil até 2090, caso se esforce para isso.

O Greenpeace divulgou um estudo em que afirma ser possível banir energia fóssil até o final do Século XXI.

O Greenpeace afirma que um investimento de US$ de 14 Trilhões em energias renováveis até 2030 seria suficiente para fomentar uma indústria de "energia limpa" de US$ 360 Bilhões.

Esse investimento inicial de US$ 14 Tri. pode gerar no "longuíssimo" prazo o retorno de até US$ 18 Tri. , ou seja, aqueles que vêem o mundo com uma perspectiva capitalista e "fria", não podem negar que o "retorno" seria de quase 30% do valor investido. Sem contar o benefício ao Planeta (que não se mede apenas em números).

O carvão mineral, uma das principais matrizes energéticas que possuímos, nos custará US$ 15,9 Trilhões até 2030.

A nota desta notícia é curta , e nas fontes que busquei (Reuters e Folha de SP) são idênticas. Espero poder ler o documento do Greenpeace na íntegra para um comentário mais aprofundado, pois parece que eles propõem uma saída bastante factível .

Soluções existem, mas 'as vezes parece faltar "vontade política".

Só para demonstrar como somos uma espécie curiosa, busquei um exemplo atual.

Em pouco mais de 1 mês de Crise Econômica, os Bancos Centrais de todo o Planeta já' injetaram no mercado financeiro mais dinheiro do que já foi investido em toda a História para a solução da questão do Aquecimento Global.

Não cabe aqui dizer qual dos dois problemas e' o mais importante , a Crise Capitalista ou o Aquecimento Global, mas ambos são de magnitude global e irão ditar os rumos de nosso futuro como espécie (social e biológica).

Não seria melhor se o investimento fosse equivalente nas duas esferas?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Jose Maria Aznar (ex- premier Espanhol) é "Anti- Al Gore"

Al Gore, conseguiu chamar a atenção do mundo com seu projeto "Uma Verdade Inconveniente", alertando sobre a necessidade de se encarar o problema do aquecimento global (por causas humanas).

Sempre que alguém conhecido expõe um problema, está sujeito a aplausos e a críticas.

Com Al Gore não foi diferente. Seu vídeo ganhou o "Oscar" e suas palestras são vistas no mundo inteiro.

Como ambientalista (que me considero), já vi o vídeo um punhado de vezes.
Considero um vídeo interessante à quem não tem acesso direto`a questão ambiental, mas sei de suas limitações e falhas (que não são poucas) .

São essas limitações e falhas que impulsionaram o surgimento de uma série de vídeos e livros que contestam a tese de Gore.

A ultimas grandes personalidades a se manifestar sobre o assunto foram o ex-Premier Espanhol Jose Maria Aznar e o Presidente da República Checa Vaclav Klaus.

Sua arma é o livro "O Planeta Azul (não verde)" da Editora "Gota a Gota" (ainda inédito no Brasil).

Segundo a resenha do livro feita pelo jornal "El País" (ESP), os argumentos usados pelo autor destrincham a teoria de Gore, e rejeitam o argumento de que o aquecimento global é causa humana, sendo na verdade parte do ciclo de existência do Planeta.

Ou seja, o ciclo industrial humano não só não é responsável pelas mudanças climáticas que estamos enfrentando, assim como a diminuição do impacto humano no planeta não mudará em nada o processo do aquecimento global.

Que a teoria de AL Gore pode ser contestada, não há duvidas (sim, ela possui muitos furos), mas o IPCC (Painel Mundial de Mudanças Climáticas - em inglês), que é ligado a ONU já considera (com mais de 90% de certeza) que as causas do aumento de temperatura do Planeta tem "origem humana".

Duas coisas são surpreendentes nessa história toda:

Primeiro, José Maria Aznar é presidente da FAES (Fundación para el Análisis y Estudios Sociales). E possui muitas fontes de estudo para chegar às conclusões que expõe na publicação.

A outra é esta onda de "estadistas-escritores", que resolveram falar do tema "aquecimento global".

Por um lado, é bom que o assunto esteja sendo tratado nas altas esferas, mas ao mesmo tempo é curiosa a maneira como o tema é abordado.

Al Gore crítica (sem realmente criticar) o sistema capitalista vigente. Propondo formas mitigadoras do impacto, mas sem nunca questionar o modelo desenvolvimentista apregoado pelo país que ajudou a governar.

Aznar não crítica, pelo contrário, acredita que o modelo desenvolvimentista é correto e deve ser perpetuado.

(está bem, farei uma mea-culpa. não li o livro de Aznar, mas as resenhas deixam a entender a maneira como ele se posiciona ante esta questão).

Dá a impressão que os autores de "O Planeta Azul (não verde)" não querem ver seus países alijados do modelo capitalista de desenvolvimento justo agora.

A Espanha, por ainda não ser um País central na conjuntura Europeia (como são França, Alemanha e até Itália). Tanto que Zapatero (Premier sucessor de Aznar) não foi chamado para a Cúpula de discussão sobre a crise econômica que se realizará nos próximos dias em Washington (com todos os países do G-27, menos Espanha)

. A República Checa, por sua vez, afirma estar entrando "agora" na economia de mercado, e não quer perder a chance de dar ao mundo a sua parcela de "desenvolvimento" (leia-se poluição industrial).

No fim, parece uma briga de egos entre EX chefes de Estado.

Enfim, mesmo cheio de falhas, e com discurso "chapa branca", creio que Al Gore ainda tem mais razão em suas críticas do que seus opositores.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Orgulho em ser Ecochato.

O maior desserviço aos ambientalistas e estudiosos da questão ambiental foi a a "invenção" do termo: Ecochato.

Em rodas de amigos todo tipo de tema pode "puxar" uma conversa.
Meus amigos, em sua maioria, possuem profissões ditas "normais". São engenheiros, economistas, publicitários.....
Em algum momento de nossas reuniões sempre há alguém que fale de um assunto de trabalho e de como agiu frente a uma situação cotidiana, um problema.....
Até ai normal.....
Como me considero um "ambientalista", mesmo tendo formação de Cientista Social, acabava por colocar alguns temas relacionados ao meu dia-dia em pauta.
Começa que o meu dia-dia já é diferenciado, acabo por saber tanto ou mais sobre a realidade do "resto do Brasil" do que do "Sul-Maravilha". O que já "afugenta" algumas pessoas e complica os "debates" na mesa do bar .
Quando se vive em ambiente urbano, falar sobre a Floresta com tanta proximidade pode causar estranhamento e sucinta perguntas do tipo:
"Você já esteve na Amazônia? Já viu índio?"
Na Amazônia nunca fui, e índios só vi alguns Guarani do litoral paulista e da periferia paulistana, além de alguns Pataxó do sul da Bahia. Também havia alguns índios do Xingu que visitavam o escritório do ISA (enquanto trabalhei lá)....
Pouco? Talvez, mas conheço mais do que a maioria que me cerca.
Vão dizer que meu conhecimento é "de livro" e de "Internet", e estão certos, mas acredito com tantos blogs e meios independentes de informação é possível se conseguir boas fontes de pesquisa sem sair de SP. Diálogos e debates são colocados na rede diariamente e é possível fazer um acompanhamento razoável de questões "distantes" com um pouco de esforço.
Sua opinião é direcionada, você não é idôneo!
Minha opinião é direcionada sim, minha formação e minhas experiências profissionais guiam minha mente e minha escrita. Mas não é assim com todo mundo?
Tento ser imparcial o tanto quanto for possível (afinal sou cientista social), mas tem ocasiões em que exponho opinião pessoal mesmo, mas procuro deixar claro quando isso ocorre.
Na maioria dos casos minha opinião surge como questionamento aos caminhos do modelo desenvolvimentista adotado, que para mim, segue um caminho equivocado, "antigo" até.... Faço isso porque acredito que a nossa sociedade possui maior responsabilidade pelos rumos do futuro do Planeta, afinal tem maior desenvolvimento tecnológico e destroi mais do que as outras.
O fato é que há dificuldade de se falar em "questão ambiental", mesmo entre amigos, se dá, justamente por (ainda) ser comum às pessoas pensarem que é um problema distante (física ou ideologicamente).
Tratar do aquecimento global, dos índios que disputam terras na justiça ou que brigam com garimpeiros só interessa a biólogos, ecólogos , veterinários......
Nos grandes centros a realidade é outra e a tendência é que estes assuntos sejam rechaçados.
Acabei por virar o "ecochato" da turma, mas não me envergonho disso, na verdade até gosto. Torço para que um dia mais pessoas comecem a questionar o que ocorre nos rincões do país, pois a realidade desses locais afeta, e muito, o que ocorre aqui na "cidade grande", e as pessoas "metropolitanas" ainda não estão totalmente conscientes disso (mesmo com cartões de posto de gasolina com credito-carbono e "Bancos do Planeta").
Quem sabe, quando essa consciência estiver mais presente, a abordagem do "meio urbano" frente ao meio "rural" e/ou "selvagem" , seja diferenciada?
Quiçá, mais igualitária.
Espero poder presenciar essa mudança.

Índios Isolados ou Esquecidos?

Os índios "isolados" voltam à pauta deste Blog.

Já escrevi anteriormente que a categoria de índios "isolados" poderia ser chamada também de índios "refugiados", pois, são povos que estão adentrando cada vez mais a mata em busca de um isolamento ante a nossa sociedade .

O problema de alguns desses povos é a "fome energética" que o Brasil vive na atualidade.

Se Povos "mais do que conhecidos" , como os do Rio Xingu, estão com problemas seríssimos relacionados à Usina de Belo Monte. Os "isolados" do Madeira também sofrem com as obras da (futura) "Usina Hidrelétrica de Santo Antônio do Jirau".

Há relatos sobre a existência de pelo menos 5 grupos distintos de "isolados" na área de impacto direto da Usina de Jirau, sendo que um desses grupos está a meros 14 km do canteiro central de obras.

O Consórcio responsável pelo projeto afirma não ter nenhum relato que dê conta da existência de povos isolados, quanto mais estando tão próximos da obra. Sendo assim, dá-se continuidade ao processo de licenciamento e obras.

Ongs e movimentos sociais especializados em questão indígena afirmam que a ocupação da área por povos "isolados" já foi detectada há algum tempo, mas sumariamente ignorada pelo Governo, construtores e pelas forças políticas locais.

A Ong "Associação Etno - Ambiental Kanindé", denunciou formalmente o Governo Brasileiro e os responsáveis pela obra ao "Tribunal Latino americano da Água", pela arbitrariedade cometida na realização da obra, e o (conveniente) "esquecimento" dos estudos que poderiam detectar a presença desses povos na área de impacto da Usina.

Sidney Possuelo, ex-presidente da Funai, e um dos maiores especialistas em "Isolados" do Mundo, afirma que o Governo do Brasil pode responder por "crime contra populações indígenas".

A Obra, logicamente, corre o risco de ser suspensa.
Possuelo reforça:
"Pesa grande responsabilidade para a Funai em bater o pé e dizer: não tem canteiro de obras até que se verifique se os índios existem".

O caso é "surreal"!

O Governo, se esforça para não paralisar uma das obras mais emblemáticas do PAC, faz estudos às pressas e "esquece" de catalogar a existência desses povos.

Ora, são 5 Povos Isolados na região!!!

E mesmo estando isolados já havia indícios de sua existência. Bastava perguntar à Funai, ao ISA, ao Greenpeace....

Das duas uma, ou foi negligência , ou má-fé.

Seja qual for a opção "correta" a esta resposta, o prejuízo é dos Isolados, que foram tratados como "coisa" e não como cidadãos brasileiros (que realmente são).

Assim como pensa Possuelo, também creio que o Governo deve optar pelo estudo aprofundado de uma área antes de propor qualquer projeto de grande impacto. Não apenas "fingir" que estudou para apressar um projeto estratégico.

Acredito que o valor cultural desses Povos Isolados (mesmo estando isolados) é infinitamente mais importante do que a meia-dúzia de Megawatts provenientes desta obra.

Espero que o Governo também defina suas prioridades de maneira consciente e re-pense a necessidade desta Usina (e de outras também).

Oxalá atitudes como esta levem a mudanças no processo de demarcação de terras para povos isolados, fazendo com que qualquer sinal de presença dessas populações inicie um processo demarcatório feito "de fora para dentro", no qual a terra seria delimitada sem que eles nem ao menos se dessem conta disso, mas que garantiria a sua proteção contra a nossa presença.

(Com apoio das Fontes: Ambiente Brasil e O Globo - 20/10/08)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Feliz 2009 - O Planeta já começou a contabilizar os desgaste ambiental do ano que vem.

A ONG canadense Global Foot Print Network (http://www.footprintnetwork.org/), divulgou que no dia 23 de Setembro de 2008 atingimos o pico de exploração do Planeta neste ano.

Ou seja, faltando 3 meses para o fim do ano já chegamos ao limite de renovação que o planeta consegue se submeter em 12 meses.

Trocando em miúdos, estamos consumindo 12 meses de produção e renovação planetária em apenas 9 meses.

Para o Planeta Terra já estamos em 2009.

Ou seja, o os ecossitemas estão se deteriorando 25% mais rápido do que podem se recuperar.

Temos um "deficit" planetário de 100 dias ao ano, e pelo jeito estamos cada vez mais longe de "zerar" esta conta.

Faço uma analogia com as dívidas do "Cheque-Especial" bancário.
Uma vez que se entra em tal modalidade de crédito é cada vez mais complexo chegar ao "zero" e voltar ao "azul".
A tendência é que a dívida aumente mês a mês até que se chegue à concordata, ao protesto e ao SPC (Serviço de Porteção ao Crédito).
Como fica quando o Planeta começa a pedir falência?

Começamos a "consumir 2008" no dia 6 de outubro de 2007. Este ano, 2009 começou 14 dias antes desta data completar 1 ano.

Quando "o Mercado" (este SER invisível e dominador e onipresente) passará a considerar em suas metas econômicas a variável do "impacto ambiental?"

Não dá mais para calcular o crescimento econômico sem considerar a capacidade do Planeta de suportar os altos níveis de consumo.
Ou mudamos a abordagem que temos atualmente , ou teremos que nos habituar a ver os anos "começarem cada vez mais cedo".

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

FAO pede cautela na adoção de biocombustíveis.

A FAO ( Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), divulgou um relatório fazendo críticas e considerações à utilização em larga escala dos biocombustíveis e também á política de subsídios oferecidos aos países pordutores desta matriz energética.


O documento divulgado pela FAO diz que, basicamente, que é necessário proteger os pequenos agricultores da especulação do mercado global de commodities, bem como garantir a sustentabilidade ambiental da produção.


A FAO crítica que a iniciativa de biocombustiveis não se apresentou como substituto de matriz energética realmente eficiente, pois não foram responsáveis por nenhum tipo de redução de gases-estufa, mas foram responsáveis por parte da alta dos alimentos pelo Mundo.


Afirma que 2% da produção de milho e cana-de -açucar já é destinada diretamente a virar combustível.

A onda de "substituição de matriz" tende a aumentar esses valores rapidamente e consequentemente levará o milho o açucar e toda a sorte de grãos (oleaginosos) "da mesa" ao "tanque de combustível", pois será mais vantajoso queima-los como combustível do que coloca-los na preteleira de um supermercado.


A FAO critica o uso do milho e cita a "Cana do Brasil" com solução viável.


O milho americano precisa de um processo complexo e que gasta muita energia para se tornar Etanol, já a Cana-de-açucar usa a própria palha para fazer as caldeiras da Usina de Álcool funcionar, tornando-a 100% aproveitável na produção de Etanol e também é livre de subsídios .


(Só é preciso avisar a FAO que o álcool brasileiro ainda possui estreitas ligações com "trabalho-escravo" e com desmatamento de áreas de grande interesse ambiental)


O Milho é alimento-base de 80% da população das Américas, e o aumento de seu valor já é sentido no bolso da população mais carentes.


Os EUA dominam a produção mundial de Etanol, com 48% do montante total (e produção centralizada no Milho), o Brasil é o segundo maior produtor, com 31% (com produção centralizada na Cana-de-Açucar).



A FAO pede que os investimentos privilegiem a pesquisa de biocombustíveis de segunda geração, porque estes não são produzidos a partir de matérias-primas alimentares, e sim da palha ou da madeira.





Fonte: Ambiente Brasil/Agência Brasil (07/out/08)

A disputa da CVRD (Vale) contra os índios Xikrin

A companhia de mineração "Vale do Rio Doce" , recentemente rebatizada de "VALE", foi condenada a pagar o equivalente a R$ 650.000,00 (seissentos e cincoenta mil reais) mensais a duas comunidades de índios Xikrin residentes na área de Carajás (Sul do Pará).
A Sentença também obriga a mineradora a pagar a manutenção da rodovia que liga as duas comunidades citadas na ação.
A VALE, ao aceitar minerar em área de presença indígena, aceitou também uma cláusula contratual de indenização aos índios moradores da área.
Este repasse era feito normalmente até 2006, quando os índios invadiram uma área da Mina de ferro do Carajás para protestar.
Em retaliação a esta atitude, o repasse fianceiro foi suspenso.
A Funai e o MPF (Ministério Público Federal), entraram na Justiça reivindicando a volta ao pagamento desta indenização.
Agora o Justiça se manifestou e obrigou a VALE a retomar o pagamento.
O tratado assinado pela VALE diz que a empresa tem que arcar com os custos indenizatórios até que os índios alcancem autonomia financeira.
A VALE contra argumenta afirmando que, ao ceder a compensação financeira sem prazo final estipulado, é como se fornecesse uma "mesada eterna", desestimulando os índios a buscar recursos de outras maneiras.
A despeito da "chiadeira" da VALE, a decisão da Justiça que favorece os índios foi mantida.
O veredito, ocorrido em primeira instância, será contestado pela VALE, que acredita estar isenta do pagamento indenizatório. A Ação, então, deverá ser levada às altas esferas do Judiciário, em busca de solução final.
Enquanto a decisão final não sai, a VALE pagará aos Xikrin a quantia de R$ 650.000,00/Mês.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Supresas Eleitorais

Com um pouco de atraso gostaria de comentar alguns aspectos da eleição de semana passada.

O maior destaque nacional e' dado ao Fernando Gabeira.

Tirou o (bispo) Crivella da disputa e vai concorrer com Eduardo Paes (PMDB) 'a prefeitura carioca.

Do Norte do Pais, grandes novidades.

A cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM), o município mais "indígena" do Brasil, (mais de 50% de seus habitante se auto-declaram índios).

Vem de lá a primeira "dupla municipal" (prefeito e vice) composta por dois índios. São da Etnia Tariano.

O Prefeito eleito e' Pedro Garcia (PT) , seu vice e' André Baniwa.

De Roraima talvez venha a maior vitoria.

A Cidade de Paracaima NÃO reelegeu Paulo César Quartieiro (DEM).

Vale lembrar que PC Quartieiro e' o maior plantador de arroz daquela região e também o maior opositor 'a demarcação da TI Raposa/Serra do Sol.

A partir do próximo ano assume Altemir Campo (PSDB).

Não conheço este politico, mas tudo indica ser opositor 'a atual prefeitura e a Paulo César Quartieiro.

Não sendo aliado dele já melhora muito.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A Seringueira do Brasil e a Biopirataria da Malásia.

Este tema de biopirataria sempre me interessou demais no âmbito das questões ambientais.

Na verdade tenho que começar este "post" com uma correção:
Oficialmente o termo aceito pela ONU e pela OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual) não e' "BIOPIRATARIA" e sim: "BIOGRILAGEM".
Enquanto a Biopirataria remete 'a corsários, piratas, papagaios e garrafas de Rum .
Biogrilagem significa tomar posse de algo "desocupado", que não possua controle ou legislação. (tem a mesma origem ideológica das terras da União griladas por fazendeiros).
A Biogrilagem é um ato imoral, mas, por ser um assunto com pouca legislação (e mesmo assim recente) nem sempre é proibida ou contra a lei . Um dia falarei só sobre esta definição.
Corrigido o equivoco relacionado à definição do termo voltemos ao assunto do "post".
Já comentei que o Governador do Amazonas Eduardo Braga falou coisas interessantíssimas em um programa da "Rede Bandeirantes de TV".
Um dos assuntos que me chamou a atenção foi o da "biogrilagem" da Seringueira brasileira pela Malásia.
Esse verdadeiro "assalto silencioso" à biodiversidade brasileira fez com que eles conseguissem clonar nossa árvore da borracha, e assim alcançar a liderança mundial da produção de látex.
O Sr. Eduardo Braga, indigna-se ao tratar do assunto, pois, com razão, temos um exemplo claro de desfavorecimento financeiro causado pelo roubo descarado de um produto genuinamente nacional que é a borracha.
Eu, como estudioso deste assunto, iria " às vias de fato" e tentaria conseguir (via tribunais internacionais) algum tipo de retratação financeira ante a Malásia pelo prejuízo econômico causado por este pais.
O Governador Amazonense, admito, foi mais politico e mais agregador (e talvez mais coerente).
Como as plantações de Seringa dos malaios são clones da mesma planta (uma única matriz contrabandeada), a tendência e', que com o tempo, elas percam produtividade .
Como só há um "cavalo" (ou seja, só uma planta matriz). Ela não possui "parceiro" para reprodução, e assim, a qualidade das plantas e de sua borracha diminui a medida que os anos passam.
Qual foi a solução que Eduardo Braga bolou:
Simples. O Brasil fornece aos malaios novas variedades de Seringa (de maneira legalizada), realiza parcerias em busca de melhoramentos genéticos das espécies seringueiras, e participa nos lucros advindos tanto da pesquisa, quanto da exportação de borracha dos malaios, na forma de "royalties".
Assim podemos lucrar com a planta que nos foi roubada e também permitiremos que os malaios não percam o mercado que já conquistaram.
Ao meu ver a ideia e' ótima. Todos ficariam "felizes" lucrariam com a venda, e com o fortalecimento de relações diplomáticas e comerciais entre os dois Estados Nacionais. De quebra, resolve-se um problema de "soberania biológica" de maneira civilizada.
Ao que parece, o governo malaio ainda não se manifestou em relação à parceria proposta.
Será que eles pretendem roubar outra de Seringueira daqui para manter a variabilidade genética de suas plantações sem ter partilhar os lucros de sua produção?

domingo, 5 de outubro de 2008

O Tabu do Infanticídio Indígena.

Muitos povos indígenas brasileiros ainda praticam o infantício, prática vista como algo "cruel" por nossa sociedade.


Sei que mexo em um "vespeiro". Vivemos épocas em que o STF vota pelo direito à vida de fetos anacéfalos e a sociedade vê casos em que crianças são arremessadas janela à fora.


Tentarei colocar a visão de um cientista, alguém que tenta retirar as emoções de seu texto em busca de uma análise mais "crua" dos fatos.

Pessoalmente também acredito que toda a vida humana possui o mesmo valor, mas temos entender o contexto desses casos de infanticídio.


Tem-se que partir do princípio que sociedades indígenas são, em suas raízes, sociedades com um número reduzido de indivíduos e cooperativas por natureza.


Homens, na caça e Mulheres na roça, há uma ajuda mutua e coletiva em busca de alimentação e bem-estar. O nascimento de alguma pessoa com qualquer tipo de deficiência (física ou mental), atrapalha o funcionamento da "máquina".


Dizendo de maneira bem "crua", temos uma "boca" extra para sustentar, mas esta pessoa não pode nos ajudar a buscar mais sustento. Ou seja, todos trabalhariam mais por um indivíduo com dificuldades de ajudar ao todo.


Sendo assim, os povos menos aculturados tem o costume de matar ou mesmo abandonar "à própria sorte" indivíduos com algum tipo de "deficiência".


Podemos achar "desumano", mas é seleção natural em seu grau mais puro.


Não só razões de deficiência física ou mental determinam esta "sentença de morte".

Povos como os Yanomami (entre outros), culturalmente, matam ambos os irmãos de uma gestação de gêmeos , pois acreditam que o espírito encarnado foi dividido em dois corpos. Como o espírito é uma entidade "una e indivisível" , matam ambos os recém-nascidos para terem certeza de que este voltará futuramente em apenas em corpo.

Estas mortes garantem a coesão cultural do povo.


Há uns 3 anos, mais ou menos, um grupo de evangélicos missionários que frequenta a Terra Indígena dos índios Pirahã (no Estado do Amazonas), resolveu trazer a São Paulo um grupo de crianças índias, que por razões culturais viriam a morrer, caso permanecessem lá.


Este grupo de missionários "invadiu" a TI Pirahã (povo quase isolado), para lhes ensinar "o caminho de Jesus".

Em sua cruzada, convenceram uma jovem Pirahã a ir a Manaus, e depois a São Paulo cuidar de sua filha, vitima de paralisia cerebral.


Foram cometidos dois erros gravíssimos:

Não se pode deixar um grupo missionário evangélicos invadir uma aldeia quase isolada para catequizar (quem quer que seja), afinal estamos no século XXI, o direito ao livre culto é assegurado em nossa "Carta Magna" e os índios podem e devem idolatrar suas próprias entidades.


Não se pode deixar que os valores pregados por parte na nossa sociedade seja imposto de de maneira tão vertical.
Então, um Pastor (um ente externo àquele povo), decide que esta criança Pirahã deve viver e leva não só a criança como seus pais para grandes centros para "ajudar" no tratamento.

Ora, este são índios que não sabem direito o que é um rádio de pilhas, são enviados à maior Metrópole do Cone Sul e são confrontados com carros, aviões, poluição, bandidos..... e tudo mais o que este Mega centro oferece.

Se para quem nasceu em São Paulo esta é uma cidade que "sufoca", imaginem para quem nunca concebeu nenhum lugar parecido com isso?
Já imagino esses índios desembarcando em Cumbica, ou no Tietê.
Se me dá calafrios, não consigo imaginar o que se passaria na cabeça deles.

A volta dessas pessoas à sua aldeia causará , invariavelmente, mudanças drásticas na forma que eles vêem o mundo.
Sua cultura já foi modificada pelo "evangelho" e pelo "casal viajante". Também terão que mudar seus hábitos para cuidar desta criança que não poderá ajudar nas tarefas tribais diárias.
A criança, aparentemente, viverá. Quem corre o maior risco é a Cultura Pirahã.
Qual será o impacto causado pelas mudanças que a sobreviência desta criança trará? Como a viagem de seus pais repercutirá no futuro na aldeia em que vivem?
Só sei que é muita informação e muito pouco tempo para assimilar a mudança.
Não é melhor deixar as coisas como elas estavam?
Deve-se mexer com quem está quieto?