sexta-feira, 31 de outubro de 2008
O Velho Profeta e o Neo-Capitalismo
Este regime econômico atravessa os séculos graças a sua incrível capacidade de adaptação à condição política e social que se desenha naquele determinado momento histórico.
Um dos melhores termos que já ouvi para descrever este caráter “camaleônico” do Capitalismo é: "Conservadorismo Dinâmico".
Como Cientista Social que sou, fica quase impossível não citar a obra de Marx, este Gênio responsável por um dos melhores trabalhos científicos já publicados sobre um modelo econômico.
Talvez K. Marx seja o maior responsável por desvendar a "alma” deste sistema econômico (e que para muitos de meus companheiros de profissão tornou-se quase um "Deus na Terra", justamente pelo ineditísmo de seu pensamento).
Na verdade, não vou tão longe, ele era um dos melhores cientistas (de ciências humanas) que tivemos, mas esteve longe de ser Divindade.
Outros cientistas sociais "enchem a boca" para falar de (São) Karl Marx, mas no fim, só leram o "Manifesto Comunista" e alguns capítulos-chave de "O Capital" (assim com eu também fiz, pois, “O Capital” é enorme, complexo e, ainda assim, não chegou a ser finalizado ).
A análise marxiana é adequada à sua época.
Suas descobertas em relação a "mais valia" e ao "fetiche da mercadoria" foram essenciais para o melhor entendimento do sistema econômico que nos cerca até hoje.
Naquela época não se falava (tão pouco se imaginava) uma Crise Ambiental como a que vivemos hoje, muito menos, o tamanho do impacto da produção industrial na Natureza.
É preciso uma reavaliação de alguns conceitos, pois, a equação econômica do modelo marxiano possui uma variável ambiental, que na época de Marx estava oculta em seus estudos, mas hoje está incrivelmente latente.
Torna-se cada vez mais necessária a explicitação do valor (intrínseco) que o ambiente possui na produção industrial moderna.
A ONG WWF lançou um relatório em que considera o Brasil o 2º. maior credor ambiental do Planeta, perdendo apenas para os EUA (!!!???).
A conta da ONG inclui o impacto direto e indireto da produção e comercialização de produtos industrializados no ambiente natural.
Ou seja, a carne que é exportada do Brasil para a Europa passa a contabilizar as áreas desmatadas na Amazônia para pasto e também a água consumida pelo gado durante seu processo de engorda.
A WWF vai mais longe, afirmando que o cálculo do PIB deveria considerar (inclusive) os recursos naturais necessários à geração da riqueza daquela Nação.
Quem sabe, com essa mudança de postura (e consequentemente de cálculo), o Mundo comece a perceber que o valor do produto vai além do preço expresso na etiqueta...
Passaram-se quase de 150 anos desde que Marx escreveu seu "Master-Piece"... Muros subiram e caíram, bolsas quebraram e voltaram, houve duas Guerras Mundiais, e outras tantas guerras quentes e frias, bombas atômicas, conquistas espaciais e medicinais...
E o Capitalismo continua sendo encarado por muitos como na época de K. Marx.
Enquanto for desta maneira, não haverá saída para crise ambiental que bate à nossa porta.
Na minha humilde opinião, caso a produção industrial comece a contabilizar o passivo e o ativo ambiental das nações, o Brasil finalmente perderá sua condição de "emergente" para se tornar, enfim, a "maior Nação do novo milênio", capaz de criar novos paradigmas de desenvolvimento.
Pré-requisitos? Temos de sobra...
Mas isso é apenas um devaneio de um sociólogo/ambientalista sonhador
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Mundo poderia banir energia fóssil até 2090, caso se esforce para isso.
O Greenpeace divulgou um estudo em que afirma ser possível banir energia fóssil até o final do Século XXI.
O Greenpeace afirma que um investimento de US$ de 14 Trilhões em energias renováveis até 2030 seria suficiente para fomentar uma indústria de "energia limpa" de US$ 360 Bilhões.
Esse investimento inicial de US$ 14 Tri. pode gerar no "longuíssimo" prazo o retorno de até US$ 18 Tri. , ou seja, aqueles que vêem o mundo com uma perspectiva capitalista e "fria", não podem negar que o "retorno" seria de quase 30% do valor investido. Sem contar o benefício ao Planeta (que não se mede apenas em números).
O carvão mineral, uma das principais matrizes energéticas que possuímos, nos custará US$ 15,9 Trilhões até 2030.
A nota desta notícia é curta , e nas fontes que busquei (Reuters e Folha de SP) são idênticas. Espero poder ler o documento do Greenpeace na íntegra para um comentário mais aprofundado, pois parece que eles propõem uma saída bastante factível .
Soluções existem, mas 'as vezes parece faltar "vontade política".
Só para demonstrar como somos uma espécie curiosa, busquei um exemplo atual.
Em pouco mais de 1 mês de Crise Econômica, os Bancos Centrais de todo o Planeta já' injetaram no mercado financeiro mais dinheiro do que já foi investido em toda a História para a solução da questão do Aquecimento Global.
Não cabe aqui dizer qual dos dois problemas e' o mais importante , a Crise Capitalista ou o Aquecimento Global, mas ambos são de magnitude global e irão ditar os rumos de nosso futuro como espécie (social e biológica).
Não seria melhor se o investimento fosse equivalente nas duas esferas?
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Jose Maria Aznar (ex- premier Espanhol) é "Anti- Al Gore"
Sempre que alguém conhecido expõe um problema, está sujeito a aplausos e a críticas.
Com Al Gore não foi diferente. Seu vídeo ganhou o "Oscar" e suas palestras são vistas no mundo inteiro.
Como ambientalista (que me considero), já vi o vídeo um punhado de vezes.
Considero um vídeo interessante à quem não tem acesso direto`a questão ambiental, mas sei de suas limitações e falhas (que não são poucas) .
São essas limitações e falhas que impulsionaram o surgimento de uma série de vídeos e livros que contestam a tese de Gore.
A ultimas grandes personalidades a se manifestar sobre o assunto foram o ex-Premier Espanhol Jose Maria Aznar e o Presidente da República Checa Vaclav Klaus.
Sua arma é o livro "O Planeta Azul (não verde)" da Editora "Gota a Gota" (ainda inédito no Brasil).
Segundo a resenha do livro feita pelo jornal "El País" (ESP), os argumentos usados pelo autor destrincham a teoria de Gore, e rejeitam o argumento de que o aquecimento global é causa humana, sendo na verdade parte do ciclo de existência do Planeta.
Ou seja, o ciclo industrial humano não só não é responsável pelas mudanças climáticas que estamos enfrentando, assim como a diminuição do impacto humano no planeta não mudará em nada o processo do aquecimento global.
Que a teoria de AL Gore pode ser contestada, não há duvidas (sim, ela possui muitos furos), mas o IPCC (Painel Mundial de Mudanças Climáticas - em inglês), que é ligado a ONU já considera (com mais de 90% de certeza) que as causas do aumento de temperatura do Planeta tem "origem humana".
Duas coisas são surpreendentes nessa história toda:
Primeiro, José Maria Aznar é presidente da FAES (Fundación para el Análisis y Estudios Sociales). E possui muitas fontes de estudo para chegar às conclusões que expõe na publicação.
A outra é esta onda de "estadistas-escritores", que resolveram falar do tema "aquecimento global".
Por um lado, é bom que o assunto esteja sendo tratado nas altas esferas, mas ao mesmo tempo é curiosa a maneira como o tema é abordado.
Al Gore crítica (sem realmente criticar) o sistema capitalista vigente. Propondo formas mitigadoras do impacto, mas sem nunca questionar o modelo desenvolvimentista apregoado pelo país que ajudou a governar.
Aznar não crítica, pelo contrário, acredita que o modelo desenvolvimentista é correto e deve ser perpetuado.
(está bem, farei uma mea-culpa. não li o livro de Aznar, mas as resenhas deixam a entender a maneira como ele se posiciona ante esta questão).
Dá a impressão que os autores de "O Planeta Azul (não verde)" não querem ver seus países alijados do modelo capitalista de desenvolvimento justo agora.
A Espanha, por ainda não ser um País central na conjuntura Europeia (como são França, Alemanha e até Itália). Tanto que Zapatero (Premier sucessor de Aznar) não foi chamado para a Cúpula de discussão sobre a crise econômica que se realizará nos próximos dias em Washington (com todos os países do G-27, menos Espanha)
. A República Checa, por sua vez, afirma estar entrando "agora" na economia de mercado, e não quer perder a chance de dar ao mundo a sua parcela de "desenvolvimento" (leia-se poluição industrial).
No fim, parece uma briga de egos entre EX chefes de Estado.
Enfim, mesmo cheio de falhas, e com discurso "chapa branca", creio que Al Gore ainda tem mais razão em suas críticas do que seus opositores.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Orgulho em ser Ecochato.
Índios Isolados ou Esquecidos?
Já escrevi anteriormente que a categoria de índios "isolados" poderia ser chamada também de índios "refugiados", pois, são povos que estão adentrando cada vez mais a mata em busca de um isolamento ante a nossa sociedade .
O problema de alguns desses povos é a "fome energética" que o Brasil vive na atualidade.
Se Povos "mais do que conhecidos" , como os do Rio Xingu, estão com problemas seríssimos relacionados à Usina de Belo Monte. Os "isolados" do Madeira também sofrem com as obras da (futura) "Usina Hidrelétrica de Santo Antônio do Jirau".
Há relatos sobre a existência de pelo menos 5 grupos distintos de "isolados" na área de impacto direto da Usina de Jirau, sendo que um desses grupos está a meros 14 km do canteiro central de obras.
O Consórcio responsável pelo projeto afirma não ter nenhum relato que dê conta da existência de povos isolados, quanto mais estando tão próximos da obra. Sendo assim, dá-se continuidade ao processo de licenciamento e obras.
Ongs e movimentos sociais especializados em questão indígena afirmam que a ocupação da área por povos "isolados" já foi detectada há algum tempo, mas sumariamente ignorada pelo Governo, construtores e pelas forças políticas locais.
A Ong "Associação Etno - Ambiental Kanindé", denunciou formalmente o Governo Brasileiro e os responsáveis pela obra ao "Tribunal Latino americano da Água", pela arbitrariedade cometida na realização da obra, e o (conveniente) "esquecimento" dos estudos que poderiam detectar a presença desses povos na área de impacto da Usina.
Sidney Possuelo, ex-presidente da Funai, e um dos maiores especialistas em "Isolados" do Mundo, afirma que o Governo do Brasil pode responder por "crime contra populações indígenas".
A Obra, logicamente, corre o risco de ser suspensa.
"Pesa grande responsabilidade para a Funai em bater o pé e dizer: não tem canteiro de obras até que se verifique se os índios existem".
O caso é "surreal"!
O Governo, se esforça para não paralisar uma das obras mais emblemáticas do PAC, faz estudos às pressas e "esquece" de catalogar a existência desses povos.
Ora, são 5 Povos Isolados na região!!!
E mesmo estando isolados já havia indícios de sua existência. Bastava perguntar à Funai, ao ISA, ao Greenpeace....
Das duas uma, ou foi negligência , ou má-fé.
Seja qual for a opção "correta" a esta resposta, o prejuízo é dos Isolados, que foram tratados como "coisa" e não como cidadãos brasileiros (que realmente são).
Assim como pensa Possuelo, também creio que o Governo deve optar pelo estudo aprofundado de uma área antes de propor qualquer projeto de grande impacto. Não apenas "fingir" que estudou para apressar um projeto estratégico.
Acredito que o valor cultural desses Povos Isolados (mesmo estando isolados) é infinitamente mais importante do que a meia-dúzia de Megawatts provenientes desta obra.
Espero que o Governo também defina suas prioridades de maneira consciente e re-pense a necessidade desta Usina (e de outras também).
Oxalá atitudes como esta levem a mudanças no processo de demarcação de terras para povos isolados, fazendo com que qualquer sinal de presença dessas populações inicie um processo demarcatório feito "de fora para dentro", no qual a terra seria delimitada sem que eles nem ao menos se dessem conta disso, mas que garantiria a sua proteção contra a nossa presença.
(Com apoio das Fontes: Ambiente Brasil e O Globo - 20/10/08)
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Feliz 2009 - O Planeta já começou a contabilizar os desgaste ambiental do ano que vem.
Ou seja, faltando 3 meses para o fim do ano já chegamos ao limite de renovação que o planeta consegue se submeter em 12 meses.
Trocando em miúdos, estamos consumindo 12 meses de produção e renovação planetária em apenas 9 meses.
Para o Planeta Terra já estamos em 2009.
Ou seja, o os ecossitemas estão se deteriorando 25% mais rápido do que podem se recuperar.
Temos um "deficit" planetário de 100 dias ao ano, e pelo jeito estamos cada vez mais longe de "zerar" esta conta.
Faço uma analogia com as dívidas do "Cheque-Especial" bancário.
Uma vez que se entra em tal modalidade de crédito é cada vez mais complexo chegar ao "zero" e voltar ao "azul".
A tendência é que a dívida aumente mês a mês até que se chegue à concordata, ao protesto e ao SPC (Serviço de Porteção ao Crédito).
Começamos a "consumir 2008" no dia 6 de outubro de 2007. Este ano, 2009 começou 14 dias antes desta data completar 1 ano.
Quando "o Mercado" (este SER invisível e dominador e onipresente) passará a considerar em suas metas econômicas a variável do "impacto ambiental?"
Não dá mais para calcular o crescimento econômico sem considerar a capacidade do Planeta de suportar os altos níveis de consumo.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
FAO pede cautela na adoção de biocombustíveis.
A disputa da CVRD (Vale) contra os índios Xikrin
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Supresas Eleitorais
O maior destaque nacional e' dado ao Fernando Gabeira.
Tirou o (bispo) Crivella da disputa e vai concorrer com Eduardo Paes (PMDB) 'a prefeitura carioca.
Do Norte do Pais, grandes novidades.
A cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM), o município mais "indígena" do Brasil, (mais de 50% de seus habitante se auto-declaram índios).
Vem de lá a primeira "dupla municipal" (prefeito e vice) composta por dois índios. São da Etnia Tariano.
O Prefeito eleito e' Pedro Garcia (PT) , seu vice e' André Baniwa.
De Roraima talvez venha a maior vitoria.
A Cidade de Paracaima NÃO reelegeu Paulo César Quartieiro (DEM).
Vale lembrar que PC Quartieiro e' o maior plantador de arroz daquela região e também o maior opositor 'a demarcação da TI Raposa/Serra do Sol.
A partir do próximo ano assume Altemir Campo (PSDB).
Não conheço este politico, mas tudo indica ser opositor 'a atual prefeitura e a Paulo César Quartieiro.
Não sendo aliado dele já melhora muito.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
A Seringueira do Brasil e a Biopirataria da Malásia.
Na verdade tenho que começar este "post" com uma correção: