segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O capítulo final da Raposa

Nesta semana deve ocorrer o capítulo final sobre a TI Raposa-Serra do Sol (RR).

Para recapitular, o julgamento havia sido interrompido pelo Ministro Carlos Alberto Direito para que esse "estudasse" mais profundamente a questão.

Antes do voto do Ministro Direito, apenas Carlos Ayres Britto, relator da ação, havia votado. Seu parecer foi favorável à demarcação contínua da Terra Indígena.

A Folha de SP de hoje antecipa que Carlos Direito votará de maneira contrária à indicação de Ayres Britto, empatando a disputa. A Folha antecipa também que outros dois votos (dos total de 11) são favoráveis à TI contínua.

De qualquer forma, cresce a corrente que busca uma solução intermediária ao caso. Esta solução seria a criação de uma "aberração político-constitucional" que permitisse o retalhamento da TI Raposa, de forma a não alterar de maneira significativa o impacto na produção de arroz do Estado.

(vale lembrar que grandes políticos locais dependem da riqueza gerada pelo arroz -ilegal- de Roraima).

O Brasil possui uma Carta Magna muito jovem (apenas 20 anos), não pode, por conta do interesse econômico de um "punhado de arrozeiros", modificar o direito à terra de milhares de índios .

Devemos zelar para que a nossa Constituição não seja rasgada nesse julgamento.

(SIM, o resultado deste julgamento refletirá em muitas disputas posteriores entre índios e brancos).

Torço para que a solução final não vire motivo para uma "guerra civil" e étnica no norte do país.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A Ayahuasca como remédio de "madame"

A Folha divulgou no ultimo dia 19, resultados de uma pesquisa da USP sobre a Ayahuasca (vulgarmente conhecida como "Chá do Santo Daime").

O "chá", que é produzido através da mistura de de um cipó e de uma raiz, e é utilizado por mais de 300 povos da Amazônia Ocidental há , pelo menos, 2.500 anos como remédio e com fins ritualísticos.

A Ayahuasca já é objeto de estudos cientifícos há algum tempo, sendo até mesmo alvo de "biogrilagem" de laboratórios estrangeiros (ainda nos anos 90).

A USP divulgou pesquisa em que o chá foi ministrado para 2 pacientes que possuem depressão crônica comporvada.
Foi dado 1 copo da bebida (200 ml) para cada uma. Ficaram em observação por 3 dias.

Após algum tempo foi pedido que as pacientes relatassem as reações que sentiram.

Declararam melhora IMEDIATA, e 2 dias após a experiência, afirmaram ainda sentirem os efeitos da bebida.

"A depressão se foi e as cores da vida haviam voltado." delcarou uma das pacientes. E ambas gostariam de repetir a dose.

Agora, os cientistas esperam autorização do Comitê de Ética da USP para ampliar o número de pacientes envolvidos no estudo.

Jaime Eduardo Hallak, professor do Departamento de Neurociência e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina da USP, acredita que o chá amazônico pode se tornar base para algum novo anti-depressivo no futuro.

"A ayahuasca contém duas substâncias -harmina e dimetiltriptamina. A harmina é uma espécie de antidepressivo, mas o que causa o efeito imediato é a dimetiltriptanima, que gera o equivalente a um banho de serotonina no cérebro." afirma o prof. Jaime

O doutor Jaime afirma que o efeito do chá é mais rápido do que o de um comprimido tradicional.

Fico feliz em ver que o conhecimento tradicional (indígena) está servindo de base para a ciência moderna tratar as doenças que nos afligem, todavia gostaria de saber se os resultados destas pesquisas terão os benefícios revertidos às comunidades responsáveis por este conhecimento milenar.

Digo isto sempre, mas não sei se já escrevi em outros "posts".

A solução para muitos dos problemas que enfrentamos hoje e enfrentaremos no futuro, estão no "passado", no conhecimento tradicional, na floresta (que vale mais quando está "de pé" do que como pasto ou carvão).

Exemplos como o deste estudo só aumentam a razão de meus argumentos e corroboram as críticas que faço à destruição das Florestas do país.

O nosso Ex-Ministro Gilberto Gil transformou a Ayahuasca em patrimônio cultural nacional, espero que isso não seja só "figurativo", e sirva também para dar proteção legal a este tipo de conhecimento.

Amazônia deixará de existir se desmate chegar a 50%

O Técnico do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Gilvan Sampaio afirmou durante a Conferência "Amazônia em Perspectiva", ocorrida em Manaus, que se o desmantamento da Amazônia atingir os 50% do total da Floresta, o equilibrio do bioma será afetado e a Amazônia deixará de existir (tal qual a conhecemos hoje).

Aproximandamente 20% da Floresta já foi desmatada, o que significa que se mais 30% forem destruídos, poderemos ver o surgimento de um novo bioma.

(fotos de satélite e previsões por computador dão conta de duas florestas tropicais com uma área de deserto entre elas).

Segundo o INPE, poderemos ter esse cenário (catastrófico) nos próximos 50 anos.
O lado "oriental" (parte Leste) da Amazônia é o mais frágil, se não for protegido poderá ser o primeiro a deixar de existir.

Os novos cálculos também desmistificam a idéia de que a Floresta sempre se regenera.

Dependendo da área desmatada, a recuperação pode deixar de acontecer.....

Se analisarmos apenas a questão hidrológica, o índice pluviométrico (incidência de chuvas) cairá em até 40%.

Quando se fala que a Amazônia poderá "virar" cerrado, também é se comete um erro, pois a vegetação que se prevê ali é mais pobre do que o cerrado que conhecemos hoje.


Teoricamente estamos diante de uma equação matemática, até 50% não há problemas, menos de 50% há (muitos) problemas, mas não é tão simples.

A Amazônia é um bioma muito bem protegido "no papel".

Há uma infinidade de Unidades de Conservação, sua reserva legal é de 80%, e há uma série de punições para quem desmata irregularmente.

Mesmo assim, frequentemente os satélites flagram queimadas e desmatamentos ilegais em áreas protegidas e todo o tipo de crime ambiental. Punindo ou não os criminosos, a recuperação da Floresta é lenta, e pode não dar conta da pressão que exercemos sobre ela.

O Nordeste, região brasileira que já sofre com a seca, será a primeira a ser afetada de maneira jamais vista......

"O Sertão não vai virar mar, mas o mar pode acabar virando sertão".

(Com auxílio de fonte: Eduardo Geraque/ Folha Online - 22/11)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Aquecimento sem volta?

A Agência Internacional de Energia afirma que o aquecimento global pode ser irreversível.

Segundo estudos da própria agência, a previsão mais otimista prevê aquecimento de Três Graus Celsius (em comparacão à era pré-industrial).

Pior, segundo a própria agência, os esforços para buscar o "aquecimento ZERO" neste século podem ser insuficientes e ineficazes.

Estas informações estão no "Panorama Global de Energia 2008", e ditam as tendências do clima entre 2006 e 2030.

Do jeito que estamos, não conseguiremos "frear" o aquecimento facilmente.

Os cientistas fixaram uma meta de aquecimento "seguro" de dois graus celsius para o Planeta. No ritmo atual, o Planeta aquecerá até 2100, até 6 graus. O que seria catastrófico.

Com uma política de contenção bastante agressiva conseguiremos um aquecimento "moderado" de 3 graus. Mas não há consenso se conseguiremos chegar mesmo a esta meta
moderada.
Tudo indica que o custo político, social e ambiental deste esforço pode ser "em vão".

Pode não haver capacidade tecnológica e mesmo política para uma redução real do problema. Do momento em que uma tecnologia nova (e mais limpa) é anunciada, até sua implantação em larga escala é realizada, podem ter se passado alguns anos, e é neste período que o estrago é feito.

Fica a dúvida:

Tentaremos salvar o "Titanic avariado", ou ficarmeos ouvindo a banda tocar e aproveitaremos a festa até o navio ir à pique?


(Fonte: Folha SP 10/11)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A caneta como aliada da moto-serra

Na calada da noite, "forças obscuras" tentam dar um golpe na Floresta Amazônica.

Toda a propriedade privada tem que, por lei, garantir a preservação de uma área verde.

Este pedaço de área preservada é chamado de RESERVA LEGAL.

Cada região brasileira possui uma porcentagem de reserva legal que deve ser respeitada. No estado de São Paulo a porcentagem mínima exigida por lei é de 20%, em outros Estado pode ser de 50% ou até mais.

No caso dos estados da "Amazônia Legal", ou seja, estados que possuem floresta Amazônica (todos os Estados do Norte, mais MT, e parte do Maranhão), toda propriedade
tem que respeitar o limite de 80% de preservação.

Isto garantiria a manutenção deste bioma, mesmo com a acelerada ocupação humana.

A bancada ruralista quer fazer com que o limite de Reserva Legal da Amazônia caia de 80% para 50%. Com o argumento de "fomento 'a agricultura".

Se o desmatamento da Amazônia já é grande com essa limitação de 80% da área, imagina se ele for para 50% ?

O deputado "Sarneyzinho", filho do nosso ex-presidente, que é do PV e foi Ministro do Meio Ambiente do FFHH retirou esse projeto insano da pauta.

Só espero que não ressucitem este absurdo alguma hora.

O Greenpeace, que está fazendo um abaixo-assinado para imprdir esse absurdo chama o projeto "carinhosamente" de : Projeto Floresta-Zero.

(fonte: O Globo 11-11)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Mentira e Crime em Jirau.

Segundo notícia do site "Amazônia.org.br" o Ibama sabia SIM da existência de índios isolados na região dea Usina de Santo Antônio de Jirau . mesmo assim concedeu a licença prévia e a licença de instalação do projeto.

A pesquisadora Telma Monteiro foi a autora da denúncia.

A FUNAI enviou um ofício infomando o IBAMA ainda em 2006, reiterando a necessidade da não concessão da licença.

O mais supreendente é que no mês passado, o jornal "O Globo" denunciou este fato, e o consórcio Madeira Energia, responsável pela construção de Santo Antônio, se disse surpreso com a informação. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que esse era um problema da Funai.

A Funai e Ongs afirmam que o governo foi avisado, mas nada fez para paralizar o proceso licenciatório.

O EIA-Rima (estudo de impacto) da Usina de S. Antônio, convenientemente, não cita a existência de índios isolados. Talves, com o intuito de não atrasar o cronograma das obras.

A Funai vai mais longe, afirmando que além dos índios isolados, a usina afetará grupos e terras indígenas próximas (e já demarcadas) de maneira bastante significativa, mas que isso também não foi levado em conta pelo EIA-Rima atual.

De qualquer forma, o IBAMA parece ter "garantido" à Funai que as TI´s ameaçadas rio acima da Hidrelétrica não serão afetadas, a Funai, ao que parece, acreditou.

Não sei com funciona este tipo de negociação feita em nível institucional, mas me parece um tanto obscuro o método adotado.

Então a Funai sabia que havia índios isolados ali, sabia que havia Terras Indígenas que seriam afetadas, mas bastou uma "gesto de confiança" do IBAMA e está tudo resolvido?

Não sou especialista em Hidrelétrica (meu Tio Oswaldo o é, mas não sei o que ele pensa disso), mas acho um tanto suspeito um EIA-Rima ser aprovado tão "facilmente" mesmo com a existência de povos isolados nas cercanias do projeto. Normalmente é usado o "principio da precaução" e o projeto é analizado de maneira minuciosa.

Me pergunto se o PAC e os projetos de desenvolvimento do governo estão sendo aprovados com algum tipo de pressão institucional ou política, pois esta situação toda é muito INCOMUM (para dizer o mínimo).

Esta Usina parece uma obsessão do Governo Federal.

A Marina Silva (quando ministra do meio ambiente) bateu de frente com o Presidente Lula e com Dilma Roussef por atrasar o licenciamento do projeto. Acabou sendo ridicularizada e apelidada de "Ministra dos Bagres" nas alcovas do governo.
Evo Morales, presidente da Bolívia, afirmou que a Usina em questão impactaria uma área tão extensa que até seu país seria afetado.
Há menos de uma semana surgiu uma denuncia que a Usina teria sua localização modificada em 9km em relação ao projeto original, mas os responsáveis pela obra estariam tentando utilizar o mesmo EIA-Rima do início do empreendimento, algo claramente irregular (num flagrante desrespeito às leis ambientais).

Agora temos mais esta situação.

Parece que o governo quer "porque quer" que o projeto saia, mas decididamente não está se importando com o estrago ambiental e institucional que o projeto causa.

A quem interessa a Usina de Jirau? Por que o interesse em burlar tantas leis para que o projeto seja terminado?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Não precisamos da Amazônia.

O Título da notícia remete aquelas "head-lines" do famoso (e extinto) jornal "Notícias Populares". Esclarecerei a "brincadeira"

Acontece que o pesquisador Carlos Nobre (do Inpe e do IPPC) afirmou recentemente que não seria necessário ao Brasil avançar sobre a Floresta Amazônica para ampliar sua fronteira agricola. Afirma que o país possui 750 mil km2 de áreas já desmatadas e sub utilizadas, que poderiam servir para pasto, produção de grãos e cana. Ocorre que um terço das áreas desmatadas está abandonada, ou com baixa utilização.
Segundo Nobre: "Não há justificativa econômica para a expansão da fronteira agrícola".

Os argumentos de Nobre não me surpreendem, aliás, vou mais longe.... a Amazônia, há milhares de anos, foi um oceano (ou foi parte de um), seu solo é ácido e pobre. Assim que a vegetação é retirada, queimada e substituída por pasto ela passa a perder o (pouco) valor nutricional que possui. O pasto que substitui a floresta não se sustenta por mais do que duas ou três temporadas, desta forma, os ocupantes destas terras têm que mudar de área para manter a produtividade de seu negócio (seja ele plantação ou pecuária).

A Amazônia não possui vocação agrícola e não deveria ser encarada como "nova fronteira agrícola". Todavia, se é para encarar a Amazônia como fronteira agrícola, melhor que seja em áreas já desmatadas, que não são poucas....
Fica para a Ciência (cartesiana) a solução para melhorar a produtividade de terras ácidas.

Melhor isso do que a devastação de novas áreas.

(Fonte: Correio Braziliense, 30-10)

A Hidrelétrica de Jirau e a força do MPF

O Ibama corre o risco de ser processado pelo Ministério Público Federal (MPF), caso conceda a licença ambiental da Usina de S. Antônio do Jirau (no Rio Madeira).

Segundo o MPF, a licença da Usina em questão foi fornecida sem os devidos estudos estarem finalizados, ou seja, "as pressas".

Caso esta situação persista, o MPF questionará a probidade administrativa dos direotores do IBAMA.

Esta disputa ocorre porque a Usina teve sua localização alterada (está a mais de 9 km do ponto original do projeto), e portanto, praticamente todos os estudos devem ser refeitos, já que trará "impactos ambientais, sociais e econômicos não devidamente mensurados (no projeto original)", segundo o MPF.

A ausência de estudos complementares poderá resultar em ação com base na Lei 8.429/92, que disciplina a conduta dos gestores públicos. Assim , Roberto Messias Franco, presidente do Ibama, poderia ser responsablizado pelas irregularidades na cessão das licenças.

Tudo isto está ocorrendo porque os envolvidos na obra não querem perder o prazo originalente estipulado para o termino do projeto (em 2012), ocorre que uma usina deste tamanho não pode ser feita "à toque de caixa" apenas para agradar políticos e respeitar o cronograma do PAC.

Segundo o representante do MPF, o procurador Mário Lúcio de Avelar :
A Aneel desborda de sua atribuição legal e se imiscuiu em considerações de ordem política - antecipando futura decisão que deveria ser técnica - para defender a construção do empreendimento hidrelétrica outro - fora do objeto da licitação e destoante daquele aprovado. Essa atitude não é somente temerária, ela encerra uma evidente violação à probidade administrativa porque desconsidera as conseqüências da instalação de um empreendimento cujos impactos sequer foram avaliados pelo órgão ambiental e aprovados pela área técnica da própria agência de energia. Tal atitude implica numa evidente afronta aos ditames legais que regulam a matéria"


O Procurador espera que o Ibama siga os trâmites de maneira correta, e inicie a elaboração de um novo EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental). Que segundo o Ibama serão providenciados em breve.

É bom saber que o MPF está ciente desta situação, pois não se pode autorizar uma Hidrelétrica deste porte sem que todos os trâmites legais sejam respeitados. Não se pode aprovar uma obra apenas prque é conveniente (para uma parcela de políticos e empresários) aprova-la, ou mesmo porque ela é um dos carros-chefe do projeto do PAC.

Não vivemos mais uma Ditadura, na qual a palavra do Presidente "é lei". No Estado de Direito Brasileiro existem muitos orgãos regulatórios, que não existem à toa, e devem ser respeitados.

Por isso a Constituição de 1988 é muito importante, pois criou um Ministério Público muito forte (e ativo) que impedem situações como a desta Usina.

A autonomia (demasiada) do MPF já foi contestada diversas vezes, mas acredito que a autonomia deste orgão é, justamente, uma das coisas que impedem o Brasil de retroceder política e socialmente.

Aqueles que desejam a perda de poder do MPF, o fazem por que se beneficiariam diretamente disso.

Com auxílio das Fontes: Daniel Rittner - Valor Econômico /Amazonia.org) 30/10

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Para nao dizer que nao falei de Esportes

Bom, como amante do esporte que sou, impossivel nao comentar esse final de semana (fugindo um pouco da tematica deste blog ambientalista).

A Nota "tragica" vai ao nosso Guerreiro : Felipe Massa.

O cara fez a parte dele e, nao fossem os erros da Ferrari durante o ano, talves nesta segunda a F-1 teria um campeao diferente.

Triste porque perdeu na ultima curva....

Os caprichosos "Deuses do Esporte", piadistas que sao, so' reiteraram o exemplo de que "so termina quando acaba".

Nao se pode ignorar o fato do Hamilton ser o primeiro negro campeao de Formula 1 (esporte elitista e branco por natureza), como tambem e' o mais jovem campeao da historia deste esporte a motor.

Se Massa nao conseguiu na Pista, nos campos, quem parece que engrenou de vez foi o IMORTAL TRICOLOR DO MORUMBI . Que esta cada dia mais consistente, e agora, da' passos largos rumo ao (inacreditavel) HEXA CAMPEONATO.

Que o SPFC faca com que o F. Massa possa comemorar mais esse BRASILEIRAO e deixe seu 2008 um pouco menos amargo.

Para nao passar em branco, Marison Gomes conquistou o Bi-campeonato na maratona de NY (fato inedito para um sul-americano).

(voltamos a nossa programacao normal.....)

Velhos Amigos e o Futebol.

Ao folhear o caderno de esportes da Folha de S. Paulo, no sabado, me deparo com uma materia falando sobre o Futebol na tribo dos indios Xavante.

Era uma resenha do livro de Fernando Vianna (Fedola), de nome: "Boleiros do Cerrado".

Grata surpresa, apesar de recem-lancado, ja havia ouvido falar neste livro ha uns quatro ou cinco anos. Isto porque o Fedola foi meu companheiro de trabalho no ISA durante uns 3 anos.

Seu mestrado, que originou o livro eteve "na minha mesa", praticamente apos sair da impressora.

Ok, confesso, nao o li.

Afinal era muito grande, e so o "abstract" da primeira pagina ja poderia gerar umas duas horas de discussao. Entretanto, mesmo sem ler a monografia, sei de parte de seu conteudo porque e' inevitavel que em um escritorio que "respira" questao indigena essas coisas nao sejam discutidas de forma coletiva.

O Livro, diferentemente do projeto de mestrado, deve ser mais preparado para uma leitura "recreativa". E' possivel que o compre para ver, de fato, o trabalho do Fedola.

Fedola buscou neste projeto explicar a influencia do futebol (cultura-branca), no dia-dia dos Xavante, bem como buscou fazer algumas correlacoes entre a formacao dos times do ccampeonato Xavante e o parentesco entre eles.

Para realizar tal projeto, Fedola, ex-jogador do Juventus da Mooca (SP), Iraty (PR), e Noroeste de Bauru (SP); teve que se comprometer a ser tecnico dos indios e tambem a "garimpar" talentos para levar a clubes dos grandes centros.

Terminou com um livro inedito que trata da bem-sucedida interseccao entre a Cultura Europeia (English Footbal), com a "brasilidade" do indio (uma das facetas mais unicas de nossa cultura nacional).

Na minha pesquisa para escrever este "post", encontrei na pagina "que fim levou...." do Milton Neves, algumas informacoes sobre o Antropologo e Ex-Jogador Fedola.

Para os que se interessarem:

http://desenvolvimento.miltonneves.com.br/QFL/Conteudo.aspx?ID=65497

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O Velho Profeta e o Neo-Capitalismo

A Crise Mundial que nos assola não matará o Capitalismo.

Este regime econômico atravessa os séculos graças a sua incrível capacidade de adaptação à condição política e social que se desenha naquele determinado momento histórico.

Um dos melhores termos que já ouvi para descrever este caráter “camaleônico” do Capitalismo é: "Conservadorismo Dinâmico".

Como Cientista Social que sou, fica quase impossível não citar a obra de Marx, este Gênio responsável por um dos melhores trabalhos científicos já publicados sobre um modelo econômico.

Talvez K. Marx seja o maior responsável por desvendar a "alma” deste sistema econômico (e que para muitos de meus companheiros de profissão tornou-se quase um "Deus na Terra", justamente pelo ineditísmo de seu pensamento).

Na verdade, não vou tão longe, ele era um dos melhores cientistas (de ciências humanas) que tivemos, mas esteve longe de ser Divindade.

Outros cientistas sociais "enchem a boca" para falar de (São) Karl Marx, mas no fim, só leram o "Manifesto Comunista" e alguns capítulos-chave de "O Capital" (assim com eu também fiz, pois, “O Capital” é enorme, complexo e, ainda assim, não chegou a ser finalizado ).

A análise marxiana é adequada à sua época.

Suas descobertas em relação a "mais valia" e ao "fetiche da mercadoria" foram essenciais para o melhor entendimento do sistema econômico que nos cerca até hoje.

Naquela época não se falava (tão pouco se imaginava) uma Crise Ambiental como a que vivemos hoje, muito menos, o tamanho do impacto da produção industrial na Natureza.

É preciso uma reavaliação de alguns conceitos, pois, a equação econômica do modelo marxiano possui uma variável ambiental, que na época de Marx estava oculta em seus estudos, mas hoje está incrivelmente latente.

Torna-se cada vez mais necessária a explicitação do valor (intrínseco) que o ambiente possui na produção industrial moderna.


A ONG WWF lançou um relatório em que considera o Brasil o 2º. maior credor ambiental do Planeta, perdendo apenas para os EUA (!!!???).

A conta da ONG inclui o impacto direto e indireto da produção e comercialização de produtos industrializados no ambiente natural.

Ou seja, a carne que é exportada do Brasil para a Europa passa a contabilizar as áreas desmatadas na Amazônia para pasto e também a água consumida pelo gado durante seu processo de engorda.

A WWF vai mais longe, afirmando que o cálculo do PIB deveria considerar (inclusive) os recursos naturais necessários à geração da riqueza daquela Nação.

Quem sabe, com essa mudança de postura (e consequentemente de cálculo), o Mundo comece a perceber que o valor do produto vai além do preço expresso na etiqueta...

Passaram-se quase de 150 anos desde que Marx escreveu seu "Master-Piece"... Muros subiram e caíram, bolsas quebraram e voltaram, houve duas Guerras Mundiais, e outras tantas guerras quentes e frias, bombas atômicas, conquistas espaciais e medicinais...

E o Capitalismo continua sendo encarado por muitos como na época de K. Marx.

Enquanto for desta maneira, não haverá saída para crise ambiental que bate à nossa porta.

Na minha humilde opinião, caso a produção industrial comece a contabilizar o passivo e o ativo ambiental das nações, o Brasil finalmente perderá sua condição de "emergente" para se tornar, enfim, a "maior Nação do novo milênio", capaz de criar novos paradigmas de desenvolvimento.

Pré-requisitos? Temos de sobra...

Mas isso é apenas um devaneio de um sociólogo/ambientalista sonhador

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Mundo poderia banir energia fóssil até 2090, caso se esforce para isso.

O Greenpeace divulgou um estudo em que afirma ser possível banir energia fóssil até o final do Século XXI.

O Greenpeace afirma que um investimento de US$ de 14 Trilhões em energias renováveis até 2030 seria suficiente para fomentar uma indústria de "energia limpa" de US$ 360 Bilhões.

Esse investimento inicial de US$ 14 Tri. pode gerar no "longuíssimo" prazo o retorno de até US$ 18 Tri. , ou seja, aqueles que vêem o mundo com uma perspectiva capitalista e "fria", não podem negar que o "retorno" seria de quase 30% do valor investido. Sem contar o benefício ao Planeta (que não se mede apenas em números).

O carvão mineral, uma das principais matrizes energéticas que possuímos, nos custará US$ 15,9 Trilhões até 2030.

A nota desta notícia é curta , e nas fontes que busquei (Reuters e Folha de SP) são idênticas. Espero poder ler o documento do Greenpeace na íntegra para um comentário mais aprofundado, pois parece que eles propõem uma saída bastante factível .

Soluções existem, mas 'as vezes parece faltar "vontade política".

Só para demonstrar como somos uma espécie curiosa, busquei um exemplo atual.

Em pouco mais de 1 mês de Crise Econômica, os Bancos Centrais de todo o Planeta já' injetaram no mercado financeiro mais dinheiro do que já foi investido em toda a História para a solução da questão do Aquecimento Global.

Não cabe aqui dizer qual dos dois problemas e' o mais importante , a Crise Capitalista ou o Aquecimento Global, mas ambos são de magnitude global e irão ditar os rumos de nosso futuro como espécie (social e biológica).

Não seria melhor se o investimento fosse equivalente nas duas esferas?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Jose Maria Aznar (ex- premier Espanhol) é "Anti- Al Gore"

Al Gore, conseguiu chamar a atenção do mundo com seu projeto "Uma Verdade Inconveniente", alertando sobre a necessidade de se encarar o problema do aquecimento global (por causas humanas).

Sempre que alguém conhecido expõe um problema, está sujeito a aplausos e a críticas.

Com Al Gore não foi diferente. Seu vídeo ganhou o "Oscar" e suas palestras são vistas no mundo inteiro.

Como ambientalista (que me considero), já vi o vídeo um punhado de vezes.
Considero um vídeo interessante à quem não tem acesso direto`a questão ambiental, mas sei de suas limitações e falhas (que não são poucas) .

São essas limitações e falhas que impulsionaram o surgimento de uma série de vídeos e livros que contestam a tese de Gore.

A ultimas grandes personalidades a se manifestar sobre o assunto foram o ex-Premier Espanhol Jose Maria Aznar e o Presidente da República Checa Vaclav Klaus.

Sua arma é o livro "O Planeta Azul (não verde)" da Editora "Gota a Gota" (ainda inédito no Brasil).

Segundo a resenha do livro feita pelo jornal "El País" (ESP), os argumentos usados pelo autor destrincham a teoria de Gore, e rejeitam o argumento de que o aquecimento global é causa humana, sendo na verdade parte do ciclo de existência do Planeta.

Ou seja, o ciclo industrial humano não só não é responsável pelas mudanças climáticas que estamos enfrentando, assim como a diminuição do impacto humano no planeta não mudará em nada o processo do aquecimento global.

Que a teoria de AL Gore pode ser contestada, não há duvidas (sim, ela possui muitos furos), mas o IPCC (Painel Mundial de Mudanças Climáticas - em inglês), que é ligado a ONU já considera (com mais de 90% de certeza) que as causas do aumento de temperatura do Planeta tem "origem humana".

Duas coisas são surpreendentes nessa história toda:

Primeiro, José Maria Aznar é presidente da FAES (Fundación para el Análisis y Estudios Sociales). E possui muitas fontes de estudo para chegar às conclusões que expõe na publicação.

A outra é esta onda de "estadistas-escritores", que resolveram falar do tema "aquecimento global".

Por um lado, é bom que o assunto esteja sendo tratado nas altas esferas, mas ao mesmo tempo é curiosa a maneira como o tema é abordado.

Al Gore crítica (sem realmente criticar) o sistema capitalista vigente. Propondo formas mitigadoras do impacto, mas sem nunca questionar o modelo desenvolvimentista apregoado pelo país que ajudou a governar.

Aznar não crítica, pelo contrário, acredita que o modelo desenvolvimentista é correto e deve ser perpetuado.

(está bem, farei uma mea-culpa. não li o livro de Aznar, mas as resenhas deixam a entender a maneira como ele se posiciona ante esta questão).

Dá a impressão que os autores de "O Planeta Azul (não verde)" não querem ver seus países alijados do modelo capitalista de desenvolvimento justo agora.

A Espanha, por ainda não ser um País central na conjuntura Europeia (como são França, Alemanha e até Itália). Tanto que Zapatero (Premier sucessor de Aznar) não foi chamado para a Cúpula de discussão sobre a crise econômica que se realizará nos próximos dias em Washington (com todos os países do G-27, menos Espanha)

. A República Checa, por sua vez, afirma estar entrando "agora" na economia de mercado, e não quer perder a chance de dar ao mundo a sua parcela de "desenvolvimento" (leia-se poluição industrial).

No fim, parece uma briga de egos entre EX chefes de Estado.

Enfim, mesmo cheio de falhas, e com discurso "chapa branca", creio que Al Gore ainda tem mais razão em suas críticas do que seus opositores.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Orgulho em ser Ecochato.

O maior desserviço aos ambientalistas e estudiosos da questão ambiental foi a a "invenção" do termo: Ecochato.

Em rodas de amigos todo tipo de tema pode "puxar" uma conversa.
Meus amigos, em sua maioria, possuem profissões ditas "normais". São engenheiros, economistas, publicitários.....
Em algum momento de nossas reuniões sempre há alguém que fale de um assunto de trabalho e de como agiu frente a uma situação cotidiana, um problema.....
Até ai normal.....
Como me considero um "ambientalista", mesmo tendo formação de Cientista Social, acabava por colocar alguns temas relacionados ao meu dia-dia em pauta.
Começa que o meu dia-dia já é diferenciado, acabo por saber tanto ou mais sobre a realidade do "resto do Brasil" do que do "Sul-Maravilha". O que já "afugenta" algumas pessoas e complica os "debates" na mesa do bar .
Quando se vive em ambiente urbano, falar sobre a Floresta com tanta proximidade pode causar estranhamento e sucinta perguntas do tipo:
"Você já esteve na Amazônia? Já viu índio?"
Na Amazônia nunca fui, e índios só vi alguns Guarani do litoral paulista e da periferia paulistana, além de alguns Pataxó do sul da Bahia. Também havia alguns índios do Xingu que visitavam o escritório do ISA (enquanto trabalhei lá)....
Pouco? Talvez, mas conheço mais do que a maioria que me cerca.
Vão dizer que meu conhecimento é "de livro" e de "Internet", e estão certos, mas acredito com tantos blogs e meios independentes de informação é possível se conseguir boas fontes de pesquisa sem sair de SP. Diálogos e debates são colocados na rede diariamente e é possível fazer um acompanhamento razoável de questões "distantes" com um pouco de esforço.
Sua opinião é direcionada, você não é idôneo!
Minha opinião é direcionada sim, minha formação e minhas experiências profissionais guiam minha mente e minha escrita. Mas não é assim com todo mundo?
Tento ser imparcial o tanto quanto for possível (afinal sou cientista social), mas tem ocasiões em que exponho opinião pessoal mesmo, mas procuro deixar claro quando isso ocorre.
Na maioria dos casos minha opinião surge como questionamento aos caminhos do modelo desenvolvimentista adotado, que para mim, segue um caminho equivocado, "antigo" até.... Faço isso porque acredito que a nossa sociedade possui maior responsabilidade pelos rumos do futuro do Planeta, afinal tem maior desenvolvimento tecnológico e destroi mais do que as outras.
O fato é que há dificuldade de se falar em "questão ambiental", mesmo entre amigos, se dá, justamente por (ainda) ser comum às pessoas pensarem que é um problema distante (física ou ideologicamente).
Tratar do aquecimento global, dos índios que disputam terras na justiça ou que brigam com garimpeiros só interessa a biólogos, ecólogos , veterinários......
Nos grandes centros a realidade é outra e a tendência é que estes assuntos sejam rechaçados.
Acabei por virar o "ecochato" da turma, mas não me envergonho disso, na verdade até gosto. Torço para que um dia mais pessoas comecem a questionar o que ocorre nos rincões do país, pois a realidade desses locais afeta, e muito, o que ocorre aqui na "cidade grande", e as pessoas "metropolitanas" ainda não estão totalmente conscientes disso (mesmo com cartões de posto de gasolina com credito-carbono e "Bancos do Planeta").
Quem sabe, quando essa consciência estiver mais presente, a abordagem do "meio urbano" frente ao meio "rural" e/ou "selvagem" , seja diferenciada?
Quiçá, mais igualitária.
Espero poder presenciar essa mudança.

Índios Isolados ou Esquecidos?

Os índios "isolados" voltam à pauta deste Blog.

Já escrevi anteriormente que a categoria de índios "isolados" poderia ser chamada também de índios "refugiados", pois, são povos que estão adentrando cada vez mais a mata em busca de um isolamento ante a nossa sociedade .

O problema de alguns desses povos é a "fome energética" que o Brasil vive na atualidade.

Se Povos "mais do que conhecidos" , como os do Rio Xingu, estão com problemas seríssimos relacionados à Usina de Belo Monte. Os "isolados" do Madeira também sofrem com as obras da (futura) "Usina Hidrelétrica de Santo Antônio do Jirau".

Há relatos sobre a existência de pelo menos 5 grupos distintos de "isolados" na área de impacto direto da Usina de Jirau, sendo que um desses grupos está a meros 14 km do canteiro central de obras.

O Consórcio responsável pelo projeto afirma não ter nenhum relato que dê conta da existência de povos isolados, quanto mais estando tão próximos da obra. Sendo assim, dá-se continuidade ao processo de licenciamento e obras.

Ongs e movimentos sociais especializados em questão indígena afirmam que a ocupação da área por povos "isolados" já foi detectada há algum tempo, mas sumariamente ignorada pelo Governo, construtores e pelas forças políticas locais.

A Ong "Associação Etno - Ambiental Kanindé", denunciou formalmente o Governo Brasileiro e os responsáveis pela obra ao "Tribunal Latino americano da Água", pela arbitrariedade cometida na realização da obra, e o (conveniente) "esquecimento" dos estudos que poderiam detectar a presença desses povos na área de impacto da Usina.

Sidney Possuelo, ex-presidente da Funai, e um dos maiores especialistas em "Isolados" do Mundo, afirma que o Governo do Brasil pode responder por "crime contra populações indígenas".

A Obra, logicamente, corre o risco de ser suspensa.
Possuelo reforça:
"Pesa grande responsabilidade para a Funai em bater o pé e dizer: não tem canteiro de obras até que se verifique se os índios existem".

O caso é "surreal"!

O Governo, se esforça para não paralisar uma das obras mais emblemáticas do PAC, faz estudos às pressas e "esquece" de catalogar a existência desses povos.

Ora, são 5 Povos Isolados na região!!!

E mesmo estando isolados já havia indícios de sua existência. Bastava perguntar à Funai, ao ISA, ao Greenpeace....

Das duas uma, ou foi negligência , ou má-fé.

Seja qual for a opção "correta" a esta resposta, o prejuízo é dos Isolados, que foram tratados como "coisa" e não como cidadãos brasileiros (que realmente são).

Assim como pensa Possuelo, também creio que o Governo deve optar pelo estudo aprofundado de uma área antes de propor qualquer projeto de grande impacto. Não apenas "fingir" que estudou para apressar um projeto estratégico.

Acredito que o valor cultural desses Povos Isolados (mesmo estando isolados) é infinitamente mais importante do que a meia-dúzia de Megawatts provenientes desta obra.

Espero que o Governo também defina suas prioridades de maneira consciente e re-pense a necessidade desta Usina (e de outras também).

Oxalá atitudes como esta levem a mudanças no processo de demarcação de terras para povos isolados, fazendo com que qualquer sinal de presença dessas populações inicie um processo demarcatório feito "de fora para dentro", no qual a terra seria delimitada sem que eles nem ao menos se dessem conta disso, mas que garantiria a sua proteção contra a nossa presença.

(Com apoio das Fontes: Ambiente Brasil e O Globo - 20/10/08)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Feliz 2009 - O Planeta já começou a contabilizar os desgaste ambiental do ano que vem.

A ONG canadense Global Foot Print Network (http://www.footprintnetwork.org/), divulgou que no dia 23 de Setembro de 2008 atingimos o pico de exploração do Planeta neste ano.

Ou seja, faltando 3 meses para o fim do ano já chegamos ao limite de renovação que o planeta consegue se submeter em 12 meses.

Trocando em miúdos, estamos consumindo 12 meses de produção e renovação planetária em apenas 9 meses.

Para o Planeta Terra já estamos em 2009.

Ou seja, o os ecossitemas estão se deteriorando 25% mais rápido do que podem se recuperar.

Temos um "deficit" planetário de 100 dias ao ano, e pelo jeito estamos cada vez mais longe de "zerar" esta conta.

Faço uma analogia com as dívidas do "Cheque-Especial" bancário.
Uma vez que se entra em tal modalidade de crédito é cada vez mais complexo chegar ao "zero" e voltar ao "azul".
A tendência é que a dívida aumente mês a mês até que se chegue à concordata, ao protesto e ao SPC (Serviço de Porteção ao Crédito).
Como fica quando o Planeta começa a pedir falência?

Começamos a "consumir 2008" no dia 6 de outubro de 2007. Este ano, 2009 começou 14 dias antes desta data completar 1 ano.

Quando "o Mercado" (este SER invisível e dominador e onipresente) passará a considerar em suas metas econômicas a variável do "impacto ambiental?"

Não dá mais para calcular o crescimento econômico sem considerar a capacidade do Planeta de suportar os altos níveis de consumo.
Ou mudamos a abordagem que temos atualmente , ou teremos que nos habituar a ver os anos "começarem cada vez mais cedo".

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

FAO pede cautela na adoção de biocombustíveis.

A FAO ( Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), divulgou um relatório fazendo críticas e considerações à utilização em larga escala dos biocombustíveis e também á política de subsídios oferecidos aos países pordutores desta matriz energética.


O documento divulgado pela FAO diz que, basicamente, que é necessário proteger os pequenos agricultores da especulação do mercado global de commodities, bem como garantir a sustentabilidade ambiental da produção.


A FAO crítica que a iniciativa de biocombustiveis não se apresentou como substituto de matriz energética realmente eficiente, pois não foram responsáveis por nenhum tipo de redução de gases-estufa, mas foram responsáveis por parte da alta dos alimentos pelo Mundo.


Afirma que 2% da produção de milho e cana-de -açucar já é destinada diretamente a virar combustível.

A onda de "substituição de matriz" tende a aumentar esses valores rapidamente e consequentemente levará o milho o açucar e toda a sorte de grãos (oleaginosos) "da mesa" ao "tanque de combustível", pois será mais vantajoso queima-los como combustível do que coloca-los na preteleira de um supermercado.


A FAO critica o uso do milho e cita a "Cana do Brasil" com solução viável.


O milho americano precisa de um processo complexo e que gasta muita energia para se tornar Etanol, já a Cana-de-açucar usa a própria palha para fazer as caldeiras da Usina de Álcool funcionar, tornando-a 100% aproveitável na produção de Etanol e também é livre de subsídios .


(Só é preciso avisar a FAO que o álcool brasileiro ainda possui estreitas ligações com "trabalho-escravo" e com desmatamento de áreas de grande interesse ambiental)


O Milho é alimento-base de 80% da população das Américas, e o aumento de seu valor já é sentido no bolso da população mais carentes.


Os EUA dominam a produção mundial de Etanol, com 48% do montante total (e produção centralizada no Milho), o Brasil é o segundo maior produtor, com 31% (com produção centralizada na Cana-de-Açucar).



A FAO pede que os investimentos privilegiem a pesquisa de biocombustíveis de segunda geração, porque estes não são produzidos a partir de matérias-primas alimentares, e sim da palha ou da madeira.





Fonte: Ambiente Brasil/Agência Brasil (07/out/08)

A disputa da CVRD (Vale) contra os índios Xikrin

A companhia de mineração "Vale do Rio Doce" , recentemente rebatizada de "VALE", foi condenada a pagar o equivalente a R$ 650.000,00 (seissentos e cincoenta mil reais) mensais a duas comunidades de índios Xikrin residentes na área de Carajás (Sul do Pará).
A Sentença também obriga a mineradora a pagar a manutenção da rodovia que liga as duas comunidades citadas na ação.
A VALE, ao aceitar minerar em área de presença indígena, aceitou também uma cláusula contratual de indenização aos índios moradores da área.
Este repasse era feito normalmente até 2006, quando os índios invadiram uma área da Mina de ferro do Carajás para protestar.
Em retaliação a esta atitude, o repasse fianceiro foi suspenso.
A Funai e o MPF (Ministério Público Federal), entraram na Justiça reivindicando a volta ao pagamento desta indenização.
Agora o Justiça se manifestou e obrigou a VALE a retomar o pagamento.
O tratado assinado pela VALE diz que a empresa tem que arcar com os custos indenizatórios até que os índios alcancem autonomia financeira.
A VALE contra argumenta afirmando que, ao ceder a compensação financeira sem prazo final estipulado, é como se fornecesse uma "mesada eterna", desestimulando os índios a buscar recursos de outras maneiras.
A despeito da "chiadeira" da VALE, a decisão da Justiça que favorece os índios foi mantida.
O veredito, ocorrido em primeira instância, será contestado pela VALE, que acredita estar isenta do pagamento indenizatório. A Ação, então, deverá ser levada às altas esferas do Judiciário, em busca de solução final.
Enquanto a decisão final não sai, a VALE pagará aos Xikrin a quantia de R$ 650.000,00/Mês.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Supresas Eleitorais

Com um pouco de atraso gostaria de comentar alguns aspectos da eleição de semana passada.

O maior destaque nacional e' dado ao Fernando Gabeira.

Tirou o (bispo) Crivella da disputa e vai concorrer com Eduardo Paes (PMDB) 'a prefeitura carioca.

Do Norte do Pais, grandes novidades.

A cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM), o município mais "indígena" do Brasil, (mais de 50% de seus habitante se auto-declaram índios).

Vem de lá a primeira "dupla municipal" (prefeito e vice) composta por dois índios. São da Etnia Tariano.

O Prefeito eleito e' Pedro Garcia (PT) , seu vice e' André Baniwa.

De Roraima talvez venha a maior vitoria.

A Cidade de Paracaima NÃO reelegeu Paulo César Quartieiro (DEM).

Vale lembrar que PC Quartieiro e' o maior plantador de arroz daquela região e também o maior opositor 'a demarcação da TI Raposa/Serra do Sol.

A partir do próximo ano assume Altemir Campo (PSDB).

Não conheço este politico, mas tudo indica ser opositor 'a atual prefeitura e a Paulo César Quartieiro.

Não sendo aliado dele já melhora muito.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A Seringueira do Brasil e a Biopirataria da Malásia.

Este tema de biopirataria sempre me interessou demais no âmbito das questões ambientais.

Na verdade tenho que começar este "post" com uma correção:
Oficialmente o termo aceito pela ONU e pela OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual) não e' "BIOPIRATARIA" e sim: "BIOGRILAGEM".
Enquanto a Biopirataria remete 'a corsários, piratas, papagaios e garrafas de Rum .
Biogrilagem significa tomar posse de algo "desocupado", que não possua controle ou legislação. (tem a mesma origem ideológica das terras da União griladas por fazendeiros).
A Biogrilagem é um ato imoral, mas, por ser um assunto com pouca legislação (e mesmo assim recente) nem sempre é proibida ou contra a lei . Um dia falarei só sobre esta definição.
Corrigido o equivoco relacionado à definição do termo voltemos ao assunto do "post".
Já comentei que o Governador do Amazonas Eduardo Braga falou coisas interessantíssimas em um programa da "Rede Bandeirantes de TV".
Um dos assuntos que me chamou a atenção foi o da "biogrilagem" da Seringueira brasileira pela Malásia.
Esse verdadeiro "assalto silencioso" à biodiversidade brasileira fez com que eles conseguissem clonar nossa árvore da borracha, e assim alcançar a liderança mundial da produção de látex.
O Sr. Eduardo Braga, indigna-se ao tratar do assunto, pois, com razão, temos um exemplo claro de desfavorecimento financeiro causado pelo roubo descarado de um produto genuinamente nacional que é a borracha.
Eu, como estudioso deste assunto, iria " às vias de fato" e tentaria conseguir (via tribunais internacionais) algum tipo de retratação financeira ante a Malásia pelo prejuízo econômico causado por este pais.
O Governador Amazonense, admito, foi mais politico e mais agregador (e talvez mais coerente).
Como as plantações de Seringa dos malaios são clones da mesma planta (uma única matriz contrabandeada), a tendência e', que com o tempo, elas percam produtividade .
Como só há um "cavalo" (ou seja, só uma planta matriz). Ela não possui "parceiro" para reprodução, e assim, a qualidade das plantas e de sua borracha diminui a medida que os anos passam.
Qual foi a solução que Eduardo Braga bolou:
Simples. O Brasil fornece aos malaios novas variedades de Seringa (de maneira legalizada), realiza parcerias em busca de melhoramentos genéticos das espécies seringueiras, e participa nos lucros advindos tanto da pesquisa, quanto da exportação de borracha dos malaios, na forma de "royalties".
Assim podemos lucrar com a planta que nos foi roubada e também permitiremos que os malaios não percam o mercado que já conquistaram.
Ao meu ver a ideia e' ótima. Todos ficariam "felizes" lucrariam com a venda, e com o fortalecimento de relações diplomáticas e comerciais entre os dois Estados Nacionais. De quebra, resolve-se um problema de "soberania biológica" de maneira civilizada.
Ao que parece, o governo malaio ainda não se manifestou em relação à parceria proposta.
Será que eles pretendem roubar outra de Seringueira daqui para manter a variabilidade genética de suas plantações sem ter partilhar os lucros de sua produção?

domingo, 5 de outubro de 2008

O Tabu do Infanticídio Indígena.

Muitos povos indígenas brasileiros ainda praticam o infantício, prática vista como algo "cruel" por nossa sociedade.


Sei que mexo em um "vespeiro". Vivemos épocas em que o STF vota pelo direito à vida de fetos anacéfalos e a sociedade vê casos em que crianças são arremessadas janela à fora.


Tentarei colocar a visão de um cientista, alguém que tenta retirar as emoções de seu texto em busca de uma análise mais "crua" dos fatos.

Pessoalmente também acredito que toda a vida humana possui o mesmo valor, mas temos entender o contexto desses casos de infanticídio.


Tem-se que partir do princípio que sociedades indígenas são, em suas raízes, sociedades com um número reduzido de indivíduos e cooperativas por natureza.


Homens, na caça e Mulheres na roça, há uma ajuda mutua e coletiva em busca de alimentação e bem-estar. O nascimento de alguma pessoa com qualquer tipo de deficiência (física ou mental), atrapalha o funcionamento da "máquina".


Dizendo de maneira bem "crua", temos uma "boca" extra para sustentar, mas esta pessoa não pode nos ajudar a buscar mais sustento. Ou seja, todos trabalhariam mais por um indivíduo com dificuldades de ajudar ao todo.


Sendo assim, os povos menos aculturados tem o costume de matar ou mesmo abandonar "à própria sorte" indivíduos com algum tipo de "deficiência".


Podemos achar "desumano", mas é seleção natural em seu grau mais puro.


Não só razões de deficiência física ou mental determinam esta "sentença de morte".

Povos como os Yanomami (entre outros), culturalmente, matam ambos os irmãos de uma gestação de gêmeos , pois acreditam que o espírito encarnado foi dividido em dois corpos. Como o espírito é uma entidade "una e indivisível" , matam ambos os recém-nascidos para terem certeza de que este voltará futuramente em apenas em corpo.

Estas mortes garantem a coesão cultural do povo.


Há uns 3 anos, mais ou menos, um grupo de evangélicos missionários que frequenta a Terra Indígena dos índios Pirahã (no Estado do Amazonas), resolveu trazer a São Paulo um grupo de crianças índias, que por razões culturais viriam a morrer, caso permanecessem lá.


Este grupo de missionários "invadiu" a TI Pirahã (povo quase isolado), para lhes ensinar "o caminho de Jesus".

Em sua cruzada, convenceram uma jovem Pirahã a ir a Manaus, e depois a São Paulo cuidar de sua filha, vitima de paralisia cerebral.


Foram cometidos dois erros gravíssimos:

Não se pode deixar um grupo missionário evangélicos invadir uma aldeia quase isolada para catequizar (quem quer que seja), afinal estamos no século XXI, o direito ao livre culto é assegurado em nossa "Carta Magna" e os índios podem e devem idolatrar suas próprias entidades.


Não se pode deixar que os valores pregados por parte na nossa sociedade seja imposto de de maneira tão vertical.
Então, um Pastor (um ente externo àquele povo), decide que esta criança Pirahã deve viver e leva não só a criança como seus pais para grandes centros para "ajudar" no tratamento.

Ora, este são índios que não sabem direito o que é um rádio de pilhas, são enviados à maior Metrópole do Cone Sul e são confrontados com carros, aviões, poluição, bandidos..... e tudo mais o que este Mega centro oferece.

Se para quem nasceu em São Paulo esta é uma cidade que "sufoca", imaginem para quem nunca concebeu nenhum lugar parecido com isso?
Já imagino esses índios desembarcando em Cumbica, ou no Tietê.
Se me dá calafrios, não consigo imaginar o que se passaria na cabeça deles.

A volta dessas pessoas à sua aldeia causará , invariavelmente, mudanças drásticas na forma que eles vêem o mundo.
Sua cultura já foi modificada pelo "evangelho" e pelo "casal viajante". Também terão que mudar seus hábitos para cuidar desta criança que não poderá ajudar nas tarefas tribais diárias.
A criança, aparentemente, viverá. Quem corre o maior risco é a Cultura Pirahã.
Qual será o impacto causado pelas mudanças que a sobreviência desta criança trará? Como a viagem de seus pais repercutirá no futuro na aldeia em que vivem?
Só sei que é muita informação e muito pouco tempo para assimilar a mudança.
Não é melhor deixar as coisas como elas estavam?
Deve-se mexer com quem está quieto?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Qual Floresta vale mais? A Replantada ou a Nativa?

A resposta a questão do título parece óbvia, mas o "Tratado de Kyoto" parace ter uma resolução distinta do senso comum.
Semana passada (22/09), o Governador do Amazonas, Eduardo Braga em entrevista ao programa "Canal Livre" da TV Bandeirantes levantou um questionamento muito interessante sobre os mecanismos do famosíssimo "Protocolo de Kyoto".

A esta altura já é certo que Kyoto faliu, a não ratificação norte-americana sepultou este tratado.
Mesmo assim, alguns países que ratificaram o protocolo começaram a implantar parte dos acordos feitos, visto que boa parte de suas estratégias tinham algum fundamento.

O Governador Eduardo Braga falou sobre muitos assuntos interessantes nesta entrevista à "Band", inclusive dados que me espantaram positivamente.

Ele disse que: 98% da Amazônia em seu Estado está preservada (e deve isso à existência da Zona Franca de Manaus, que atraiu para si todo impacto industrial que poderia ser gerado na Floresta), talves o argumento soe um pouco exagerado, mas têm lá sua coerência .

Também falou muito sobre o valor da diversidade biológica e cultural brasileira, e dos constantes "ataques" das Multinacionais "Gringas" ao nosso patrimônio natural (vulgarmente conhecida como BIOPIRATARIA), e do esforço que está sendo feito para controlar, fiscalizar e regulamentar esta ação predatória em seu Estado. Atitude louvável ( e que falarei melhor futuramente, pois este assunto muito me interessa).

Sobre Kyoto, específicamente, o Governador levantou um questionamento muito significativo:

O Tratado prevê a remuneração aos países que resolverem replantar florestas devastadas (o que é ótimo para àqueles que já destruíram suas florestas e querem te-las, novamente, de alguma forma).

Todavia, NÃO HÁ NENHUM TIPO DE REMUNERAÇÃO para os países que preservam suas florestas "EM PÉ".

Ou seja, se o Brasil (hipotéticamente) transformasse a Amazônia em "pasto" e depois replantasse tudo , teria mais compensações financeiras do que mantendo -a intacta. UM ABSURDO.

Como detentores de tamanha riqueza natural deveríamos exigir que o próximo Tratado do Clima (se houver), inclua remuneração à "Floresta Nativa", pois as nossas Florestas possuem uma infinidade de valores, materiais e imateriais que nenhum dinheiro pode pagar, mas que com dinheiro investido corretamente, pode-se auxiliar a preservar.

Por isso acredito que a doação da Noruega (recentemente o país nórdico anunciou doação de US$ 1 Bi de ao Brasil a serem investido na preservação da Amazônia, nos próximos 7 anos), não deve ser encarada como tentativa de "comprar" a Amazônia. E sim, como um algo feito para o bem do Planeta.

(não sou "Pollyana", sei que não existe isso de "almoço grátis", mas prefiro pensar que os "vikings" já entenderam que Floresta de pé é mais lucrativa do que florestas de eucalipto replantado).

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A Malária Chega ao Nordeste.

Que o aquecimento Global já está começando a causar alterações drásticas
no clima da Terra não é novidade. Mas , ao contrario do que se pensa não é só de derretimento de calotas e inundações das costas litorâneas que vem o problema.
Parte da dificuldade futura será o avanço das doenças tropicais em locais, que antes, eram "inatigíveis" por elas.
Tinhamos os exemplos da Febre Amarela e da Dengue. Doenças "extintas" do Brasil na década de 90, mas que voltaram com força total nos anos 2000. Se no Rio de Janeiro tornou-se uma calamidade, em São Paulo faltou pouco para ocorrer o mesmo.
Notícia do G1 do dia 17/09 (http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL762834-5598,00.html) afirma que já há casos de Malária no litoral Maranhense.
(Para quem não sabe, o Maranhão é um Estado que possui o que é demoninado "Floresta de Transição", ele está numa "fronteira" entre a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica (ou o que restou dela).
A Malária pode ser trasmitida por alguns tipos de mosquito são eles: o
Anopheles Darlingi,
O Anopheles Plasmodium falciparum
O Anopheles P. Vivax
No caso maranhense, o mosquito mais comum é o primeiro da lista, o Anopheles Darlingi . De uma maneira geral, todos esses mosquitos são mais adaptados ao clima Amazônico e tem mais dificuldade de sobreviver em locais que não possuam a humidade e o calor da Floresta Tropical, ou seja, na Mata Atlântica, sua incidência era mais rara .
Existia, portanto, uma barreira natural que dificultava o acesso do mosquito (e da doença) e limitavam seu alcance em território brasileiro, afetando apenas, a Região Norte do País.
Aparentemente essa barreira natural está "afrouxando".
Causas como o desmatamento e o aquecimento global estão ampliando o raio de ação dos mosquitos, que agora podem "invadir" o Nordeste causando mais um ENORME problema de saúde para os governantes da "Terra Brasilis" .
Para mim fica clara a relação direta entre preservação ambiental e saúde e bem-estar.
Evitar o desmatamento irregular e as queimadas podem, de "quebra", evitar uma catastrofe sanitária.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Diamantes de Sangue - Made in Brazil

Pouco se fala, mas o Brasil já é um dos maiores exportadores de diamantes (ornamentais) do mundo. Não é um fato propalado por nosso gorvernantes pois é uma atividade ilegal que gera esta riqueza.

Esse recorde ocorre porque os diamantes em questão saem de uma Terra Indígena, a TI Roosevelt (dos índios Cinta-Larga), em Rondônia. Esses índios ficaram conhecidos em 2003 pelo massacre de mais de 30 garimpeiros que lavravam em sua terra. O Garimpo em TI, que sempre foi ilegal, passou a ter maior controle de autoridades e a Polícia Federal começou a vigiar (o que podia) desta rica TI. Ali, na TI Roosevelt reside uma das maiores (senão a maior) jazida de Diamantes do Mundo todo.
Há relatos de que já se achou diamante "brotando do chão" (literalmente) após chuvas mais intensas. A grande diferença desta jazida é que, em uma jazida comum, 90% dos diamantes são industriais e só 10% são ornamentais, na TI Roosevelt ocorre o inverso.

Saem dali diamantes raros e de ótima qualidade , coloridos inclusive .

Os índios (caciques em sua maioria), que possuem um conhecimento melhor do mundo dos brancos passaram a controlar a extração dessas pedras na TI e a lucrar com isso. Põe mais de 3000 índios para trabalhar e ficam com grande parte do resultado.
Moram em casas na cidade (com segurança e circuito de TV) e andam de Jipes importados.

Mas como as pedras saem dali?

De várias maneiras. De avião (em aeronaves que pousam direntamente dentro da TI em pistas clandestinas); a pé, com os garimpeiros "menores" e nas "partes intímas" de todo tipo de pessoa que circula na área, até mesmo de alguns Políciais corruptos (que sempre existem por ai).

O lucro é dividido entre funcionários da Funai, com policiais e até com a parte da alta cupula da política rondoniense. (gostaria de deixar claro que nem todos os que ali estão fazem isso, mas que isso existe, sim, existe).

As gemas "viajam" para Cuiabá (MT), Minas Gerais e São Paulo, aonde são "esquentadas" (ou nem isso).
Ganham certificado do DNPM para poder circular de maneira livre pelo país. Dali vão para Antuérpia (Belgica) ou Tel-Aviv (Israel).
Locais aonde viraram jóias que adornarão pescoços abastados. Se voltarem ao Brasil, será em forma de uma boa caneta "Mont Blanc" ou em algum Relógio "Bulgari", ou bracelete "H. Stern".

Estas empresas dizem pedir "certificado de origem", mas quem garante? Pergunte a alguma socialaite o que é isso? tenho certeza que ela também não saberá.

A máfia dos diamantes é algo restrito a uma comunidade específica do Oriente Médio e os acordos são feitos na base da "palavra" e do sobrenome. Pouco importam papeis.

Cada vez que se ouvir sobre a prisão de contrabandistas com diamantes na região central do Brasil, pode ter certeza, essa carga saiu da TI Roosevelt (custando a saúde e/ou a vida de algum individuo Cinta-Larga, ou miserável garimpeiro).

São diamantes de sangue, mas sem o glamour da encenação de um Leonardo Di Caprio para dar o tom drámatico da situação.

(este assunto é muito sério e, no momento, não estou com o tempo necessário para escrever tudo o que sei sobre ele. Espero que isso já dê uma ideia do que falo, em breve escreverei mais detalhadamente, dando nomes aos bois, se possivel).

sábado, 13 de setembro de 2008

Angra 3 e suas 50 irmãs.

O Jornal "O Dia" datado de 13/09 afirma que nos próximos 50 anos o Governo Federal pretende construir 50 Usinas Nucleares, dando um acrescimo de 60 mil megawatts em aporte energético no país.

Ou seja, pretende-se que metade da energia elétrica brasileira tenha origem nuclear.

Não sou contra a energia nuclear, esta é a mais "limpa" dentre todas as formas encontradas pelo Homem para a produção em larga escala, mas por que tantas?

Fazendo uma média simplista, é como se cada Estado da Federação ganhasse, ao menos, uma usina e meia. Aonde caberá tudo isso? E no caso de uma catástrofe com uma delas (afinal seriam 50)?

Não se pode esquecer que as de Angra foram construidas em um local que os indígenas chamavam de "pedra mole" (não vou lembrar a nomenclatura exatamente). Mas deve explicar o o medo de quem mora ali próximo (uma das partes mais bonitas de Mata Atlântica ainda existentes) em enfrentar uma versão tapuia de "Chernobyl".

Com fundações em "pedra mole" e outros problemas , nos anos 80, a usina foi apelidada "vaga-lume" , pois era frequentemente ligada e desligada, reflexo de seu alto custo de manutenção e baixa produtividade energética.

Mal se decidiu o futuro de Angra 3 e já planejamos mais 50 Usinas.....

Será que não há outras maneiras de se garantir fornecimento energético a longo prazo? Será que revitalizar as linhas de transmissão e as Hidrelétricas já existentes não dariam um acréscimo de alguns gigawatts? E a Biomassa? e a energia solar? e os Cata-ventos, as "usinas de ondas"..... ?

Por que arriscamos tanto?

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Repercussão na Mídia, Nada como um pouco de divulgação.

Gostaria de agradecer a todos que acessaram meu Blog recentemente

Percebi o quanto o ultimo post foi polêmico, isso só me dá forças a continuar escrevendo cada vez mais e melhor.

Espero arrebanhar mais leitores, e assim, transformar este espaço em um local de discussões e debates relevantes.

Tomara que aqueles que tenham gostado da matéria de "Isolados" voltem (algum dia) para ler mais sobre algumas reflexões relacionadas à questão indígena e ambiental.

Nada melhor do que uma divulgação involuntária.
Também fui pego de surpresa ao entrar no Terra Magazine segunda feira.
Espero ter cada vez mais surpresas do tipo.
Obrigado ao Bob Fernandes (talves o meu leitor "mais famoso" até o momento) e grande responsável por este "baby boom".
Não o conheço pessoalmente (apenas leio o Terra Magazine quando dá), e nunca imaginei ver meu blog "anunciado" ali.
Devo ter "mandado bem" para isso ocorrer.
Espero poder manter o alto nível e continuar chamando a atenção da "Grande Mídia".

Aos Leitores,
MUITO OBRIGADO!

Abraços.

Tigê

domingo, 7 de setembro de 2008

Ainda há índios isolados no mundo?

Há um mês, mais ou menos, a mídia divulgou uma foto de índios isolados na fronteira do Acre com o Peru (mais exatamente na Terra Indígena do Rio Evira).
Esse tipo de notícia ainda causa certo espanto, pois é quase absurdo crer que já no século XXI e, em plena época da "Idade Mídia", ainda possa haver alguma população isolada.

Mas Há!

Estimativas
apontam para mais de 20 grupos espalhados pela selva amazônica entre Brasil e Peru.
Como são isolados pouco se sabe sobre eles, e o desejo governamental é saber "cada vez menos".
Algo como : "Viva e deixe viver".

O Sertanista Sidney Possuelo diz que: " Índio bom é índio bravo".
Ele mesmo já fora vítima de emboscada de "isolados" quando andava por aquelas paragens. Tomou uma flechada no rosto que quase o matou.... mesmo assim defende a manutenção do isolamento.
O desejo de "desconhecimento" não impede que haja algumas informações sobre a situação dessas populações.
São difíceis de serem contatados, mas, às vezes, deixam rastros de sua existência.
  • São Nômades. Vivem em comunidades pequenas de 30 a 80 indivíduos (o que garante rápido deslocamento pela selva). Quando a comunidade cresce demais, tendem a se dividir em duas menores.
  • São caçadores e coletores.
  • Seu armamento é, em geral, feito de pedras e madeira (zarabatanas, arcos, flechas, bordunas e machadinhas). Mas, quando podem, assaltam viajantes e mateiros em busca de facas e outros utensílios usados por nossa cultura.
  • Evitam contato direto com a sociedade branca, mas o fazem em situação que estão em maior número, para saquear acampamentos dos "invasores" (é muito comum que matem a "ameaça" externa como forma de garantir sua sobrevivência).

Ou seja, eles sabem da existência de nossa sociedade. COM CERTEZA!!!

Povos que já foram isolados (mas que hoje têm contato conosco) afirmam que o barulho feito por máquinas e árvores cortadas como "raio laser", eram sinais como os de E. T.´s. efetuando invasão. Ou seja, sinal de perigo.

Isso nos leva a crer que o isolamento é voluntário, quer dizer que eles têm medo do nosso contato (talvez prevendo a loucura de nossa civilização) e fogem cada vez mais "mata a dentro".

De qualquer maneira é importante efetuar um cadastro "mínimo" sobre a existência desses povos.

Primeiro, porque ainda há no mundo quem pense que não há mais povos isolados. O jornal Britânico "The Guardian" chamou de "fraude" as fotos dos "Isolados do Rio Evira". Comparou os "Isolados" ao Monstro do Lago Ness (dizendo que há relatos de sua existência, mas que nunca foram, de fato, vistos) .

O Jornal teve de se retratar publicamente depois que o "Terra Magazine " e o Governo Brasileiro encaminharam protesto formal e provas da veracidade dos documentos apresentados.

O Governo Peruano também duvida da existência dessas populações por uma razão mais "mundana".

A Amazônia fronteiriça é um local que possui, entre outras coisas, madeira de lei, petróleo e gás natural. Ao assumir a existência desses povos, cresce a pressão interna e externa para a proteção dessa gente (principalmente no tocante à demarcação de Terras).

Sendo um local de interesse econômico intenso, é melhor duvidar da existência e, com isso, dar continuidade a extração mineral e vegetal da região.

Ou seja, apesar de ser quase "poético" imaginar sociedades em "estado bruto", ou como diria Hobbes "em estado de natureza" em pleno século XXI, deve-se vê-los como "refugiados ambientais", em constante ameaça de morte e que correm para locais cada vez mais isolados do mapa para garantir sua sobrevivência.

ÍNDIOS ISOLADOS EXISTEM, MAS CORREM O RISCO DE EXTINÇÃO.

(Foto, fonte Funai)