quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O acordo militar Brasil - França. Mais do que aviões.



Há algum tempo o Brasil realiza processo de modernização de suas forças armadas.
O país abriu concorrência para a compra dos caças que irão substituir os obsoletos AMX, F-5 e "Supertucanos" no patrulhamento aéreo do país.

A concorrência para este tipo de produto não segue o procedimento tradicional.
Por se tratar de "assunto de segurança nacional" o processo é cercado de sigilo, o que impede que se saiba com clareza todas a condições que envolvem a compra dos equipamentos (essa prática é comum a quase todos os países quando se trata de compra de armamentos).

Os caças "finalistas" são: o francês Rafale (foto); uma aeronave sueca e o "famoso" F-18 Hornet, americano.

O Brasil não se posicionou oficialmente, mas tudo indica que os franceses sairão vencedores. Especialistas não garantem que o jato gaulês seja a melhor escolha do ponto de vista militar, entretanto, essas decisões vão além da qualidade do equipamento adquirido.

Mais do que jatos, a França ofereceu parceria.
Venderá os jatos, helicópteros e submarinos (um deles nuclear). O Brasil terá acesso total às informações sigilosas dos caças (o que não aconteceria com suecos ou americanos) diminuindo a dependência brasiliera em relação à manutenção das aeronaves.

Soma-se a isso a produção dos submarinos -em especial o "nuclear"- que será construido com tecnologia compartilhada, mas seu motor será produzido aqui no Brasil. Entraremos no seleto grupo das nações que possuem um submarino nuclear, e mais, que dominam o processo de produção de embarcações como esta.

Os franceses ainda comprarão aviões militares de carga e transporte que serão produzidas pela brasileira EMBRAER.

Mas o principal desta parceria não envolve equipamentos militares e está mais para um ganho subjetivo.
Com o acordo, o Brasil estreita relações políticas com a França, país que possui cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

O Conselho, criado após a Segunda Guerra, sente o peso do tempo. Muitos países (como o Brasil) desejam sua reformulação e, com isso, o aumento do número de países com direito a voto e veto.
Hoje são 5 os assentos permanentes e 10 os assentos rotativos. Os rotativos não possuem direito a veto sendo, praticamente, simbólicos.

Sarkozy, o presidente francês, já manifestou publicamente o apoio ao projeto de ampliação e"modernização" do orgão. Para o mandatário gaulês o Brasil teria o assento permanente destinado à América do Sul.
É o primeiro representante do "G-5" a se colocar oficialmente ao nosso lado.

Os aviões suecos ou americanos podem até ser melhores do que o caça francês, entretanto, nem o rei sueco e nem o presidente americano ofereceram condições políticas tão favoráveis ao Brasil.

É ver para crer.