sábado, 6 de agosto de 2011

Sai Jobim, entra Amorim

Nelson Jobim é passado, após, praticamente, forçar sua saída nos últimos meses, o ex-ministro foi, efetivamente, retirado do cargo na quinta feira passada. Motivos para sua saída não faltaram. Criticou os rumos do governo atual, os colegas de Planalto e divulgou que votara no concorrente de sua empregadora, nas eleições passadas. Partindo do principio de que voto é secreto, divulgá-lo é desnecessário, afirmar que votou na "concorrência" é provocação gratuita que não passaria despercebida. Para agir dessa forma, Jobim deveria estar muito contrariado, que sabe, um dia, saberemos os reais motivos de sua demissão. Suspeito que tenha a ver com o descontrole da presidente em relação ao PMDB, mas isso é pura especulação minha.

Gostei da escolha de Celso Amorim para ministro da Defesa, acredito que o Itamaraty e a Defesa têm muito em comum. Ambos lidam com a preservação dos interesses nacionais no âmbito externo, a experiência obtida no naquele ministério será de muita valia nesse. Quando a mudança foi anunciada no jornal, eu estava na casa de meu avô (um Coronel do Exército, reformado, de 87 anos, mais lúcido que muitos jovens que existem por ai), não resisti e perguntei-lhe o que achava da troca. O corporativismo dele é suficientemente grande para que criticasse os dois ministros ( o novo e o anterior), creio que queria ver alguém de "Armas" naquele cargo, mas penso que a imagem de Jobim usando farda camuflada (foto) foi provocativa demais para o coração "verde oliva" de meu avô. O respeitoso senhor apenas desferiu: "Que roupa camuflada é essa? Qual a patente desse homem?" Calou-se, contrariado.

Como bom diplomata de carreira, Celso Amorim é bastante rodado, já passou pela área da Cultura (na extinta Embrafilme, nos anos 80) e é recordista em permanência na Pasta das Relações Exteriores, com dez anos e alguns meses, em duas passagens pelo Itamaraty (Governo Itamar Franco , 93-95 e Governo Lula, 2003-2010). Sua trajetória e, notória, competência política são indícios de que há grandes chances de boa condução da Pasta da Defesa, acredito em maior integração entre aquele ministério e o Itamaraty. Antônio Patriota e Amorim são da mesma escola política (herdeiros intelectuais de Samuel Pinheiro Guimarães), acreditam no "Brasil Grande", porta-voz dos "Emergentes" e igual aos "Desenvolvidos".

Não haverá espanto caso a questão da compra dos Caças ("Programa FX") volte à pauta e caso o Brasil decida reativar seu programa nuclear (de maneira mais veemente). Antes que os mais alarmados acreditem que o Brasil está se preparando para a guerra, adianto que é um pressuposto das Relações Internacionais que todo país que deseja ser "Potência" tem expertise nuclear e também tem Forças Armadas aparelhadas. Não há nada de mal nisso. Uma coisa é possuir armas, a outra, é usá-las. Nas Relações Exteriores a imagem conta muito; portanto, devemos mostrar ao mundo qual é a posição que nosso país deseja ocupar daqui para frente.

No fim, acredito que foi uma escolha sóbria de Dilma, a expectativa é positiva, espero que ela se confirme.

Fonte da Imagem : http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4e/Nelsonjobim.jpg)

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