segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Celso Amorim sentencia fim da Lua-de-Mel com os EUA. - Parte 2

No Post anterior comentei algumas impressões que tive sobre a entrevista de Celso Amorim à Folha em relação ao crescimento da presença militar americana no Cone-Sul.

O Ministro Amorim, já distante da euforia criada pela subida de Obama ao Poder nos EUA, prevê momentos dificeis nas relações comerciais entre os dois países.

Os pontos de atrito seriam:

"Os impasses da Rodada de Doha"

"A redução das tarifas ao Etanol brasileiro no mercado norte-americano".

"Comércio bilateral Brasil-EUA e a ALCA"

Para resumir, a "Rodada de Doha" é um fórum de discussões entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos que visa a diminuição das desigualdades nas relações comerciais entre os países desses dois "blocos" informais.

O Brasil é uma peça fundamental nesse fórum, pois é lider da América do Sul, possui boas relações diplomáticas com quase todos os participantes do fórum e ainda possui longa tradição em política internacional.

Os EUA são "A" grande potência mundial, e eles juntamente com os outros países do Primeiro Mundo, criaram barreiras diretas ou indiretas ao livre-comercio das nações.
Mormente aos produtos agrícolas, que são o ponto forte do comércio das nações subdesenvolvidas.

No Governo Republicano de Bush as negociações eram dificultadas pois seu eleitorado e também o Congresso eram majoritariamente compostos pela parte "caipira" dos EUA, justamente a que seria mais afetada por uma queda nos preços dos produtos agrícolas. O próprio Bush é do estado do Texas, uma das regiões mais agrícolas e caipiras dos EUA.

Esperava-se que com a chegada do democrata Obama à Casa Branca algumas dessas barreiras tarifárias fossem derrubadas ou, ao menos, relaxadas.
O Chanceler brasileiro não crê que isso vá ocorrer nos próximos anos.
Ao que parece a mudança do Congresso e do Presidente dos EUA não alterou a Agenda norte-americana para o comércio mundial.

Esta postura dos EUA atrapalha as exportações brasileiras de Etanol (álcool combustível) ao país do norte. Os EUA são um enorme mercado consumidor de Etanol, mas produzem boa parte do que consomem pelo processamento de milho. Tal processo é caro, e isto tornaria a opção brasileira (álcool de cana) muito mais atraente, pois seu processo, além de mais barato é também mais "verde".

Infelizmente, o Presidente Obama, durante a campanha eleitoral, prometeu aos agricultores americanos que continuaria a conceder descontos ao etanol de milho (deles) e a taxar etanol de cana (o nosso), para assim não causar desemprego nas lavouras Norte-Americanas.

Mais uma medida protecionista que prejudica um produto competitivo do Brasil.

A ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), versão americana da União Europeia, também não avançou.
Para Amorim isso não chega a ser um problema, pois da maneira que estavam progredindo as negociações seria desvantajoso para o Brasil aceitar participar deste projeto da maneira como ele está formulado.

O México, atrelado aos EUA pelo NAFTA (Área de Livre Comércio da América do Norte), sofreu recessão de -5%, se tivessemos entrado na ALCA poderiamos estar com indices parecidos aos mexicanos.

Tivemos crescimento de 1%, o que pode ser considerado ótimo para a situação atual da economia.

Ou seja, a "nova-velha" postura americana não deveria nos assustar, é apenas "mais do mesmo" com nova roupagem.

Como se vê: "Nem tudo o que reluz é ouro".

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