quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Fim da invasão americana no Iraque. Começo dos problemas no Afeganistão.

Após 7 anos, o Governo Obama anunciou que irá iniciar a retirada de suas tropas do Iraque.

Os EUA demoraram todo esse tempo e gastaram vultosas quantias para concluir o que todos já sabiam:

O Iraque não possui armas de destruição em massa e também não representa "perigo à segurança americana". Esse é o discurso oficial que justificava a intervenção.
Extra oficialmente (acredito eu), os EUA perceberam que o Iraque é financeiramente inviável e o petróleo que ali existe ficou caro demais para compensar o esforço de guerra empreendido.

Ou ainda: "Melhor do que está não dá pra ficar. Let's leave." Mas isso é um pensamento meu.

No fim das contas, não sei se é possível chamar o que está acontecendo no Iraque de "retirada de tropas".
Os EUA vão diminuir o contingente de soldados de 80 mil para 50 mil nos próximos meses -o que, convenhamos, não é uma redução tão substancial assim-.
Esses 50 mil remanecentes ficarão mais 4 anos na "Terra de Saddam" para - supostamente - treinar e aparelhar as tropas do governo local.

É possível que a população local nem sinta que houve real redução nas tropas americanas em seu país, haja vista que os "Marines" poderão ser substituídos por firmas privadas como a "BlackWater".
Essa "empresa de seguraça" (leia-se exército mercenário) contrata ex-combatentes do próprio Exército americano para compor suas forças de batalha.
Em resumo, troca-se o nome e a "pessoa jurídica", mas pouco muda na prática.

Supondo que o reservista que serviu no Iraque decida que não irá se juntar à "iniciativa privada" ele poderá voltar para casa? Irá rever sua família?

Não, é bem capaz que não.
Há grandes chances de ser enviado para outro front não muito longe dali: o Afeganistão.

A terra da Al Quaeda e das carverna de Osama fazem com que, na comparação, o Iraque pareça um parque de diversões.

O Afeganistão é uma "ficção geopolítica".
Foi um Estado criado, no século XIX, para "separar" as conquistas do "Império Russo"(ao norte) das conquistas do "Império Britânico" (ao Sul) no Oriente Médio e na Ásia Central.
Históricamente, todos os países que tentaram dominar o "Pais" sofreram derrotas humilhantes para a população local.
Os conquistadores constumam dominar as regiões de planície, onde fica a capital do país, Cabul, mas não conseguem dominar a região montanhosa no sudeste - boa parte da fronteira com o Paquistão -.

Aconteceu com os britânicos no século XIX, com os russos na década de 80 do século XX (o Vietnã soviético") e ocorre agora com os EUA, na "Guerra Contra o Terror" que já dura 9 anos.

Não se deve perder de vista que quando Obama disse que sairia do Iraque é natural que se pense que os gastos militares americanos seriam reduzidos - afinal, é uma guerra a menos para se bancar - mas, ao contrário, as despesas militares irão subir por conta da guerra afegã.

Você, que já chegou até aqui em sua leitura, deve estar se perguntando por que tanto interesse no Afeganistão?

A libertação do oprimido povo afegão?

Não!

Matar Bin Laden e acabar com a Al Quaeda?

Talvez, mas essa busca, por si só, não justifica os bilhões de dólares que já foram gastos e os que ainda serão.

Acertou quem disse petróleo, ou melhor, gás natural.

A região do Mar Cáspio é rica nesse tipo de hidrocarboneto e há poucas opções para o escoamento desse "commoditie" tão valioso.
A maioria das rotas de gasodutos está sob controle geopolítico da Rússia ou da China, o que não interessa aos EUA que quer sua própria via de escoamento pelo Afeganistão e pelo Paquistão (até o mar das Arábias).

Para conseguir acessar gás "caspiano" a pacificação do Afeganistão é imprescindível, situação que parece cada vez mais ilusória e dispendiosa aos EUA.

(ver mapa)


Os EUA estão subindo o tom contra o Irã, que pode a segunda opção de rota desse gasoduto.

Seria quase impossível, nesse momento, que os EUA abrissem uma terceira frente de batalha no Oriente Médio, mas, reduzindo suas operações no Iraque é mais fácil pensar em uma operação no Irã.

O empecilho à ação americana na "Pérsia" é o programa nuclear de Mahmoud Ahmadinejad o qual os EUA estão loucos para impedir que seja finalizado.

Analistas experientes que escrevem para a revistas como a "Foreign Affairs" afirmam que o esforço empreendido para acessar o gás natural do Mar Cáspio não compensa a perda de vidas de seus combatentes, da pressão da opinião pública norte-americana e das tensões locais.
Ademais, os EUA já chegaram à cifra de quase US$ 1 bilhão por dia investidos em sua "Maquinas de Guerra" mundo afora. O que é muito até mesmo para um país próspero como os EUA.

Os EUA agiriam com mais inteligência se decidissem abandonar definitivamente suas pretensões imperialistas no Oriente Médio, (mal) disfarçadas de "Guerra ao Terror", e procurassem outras regiões do globo para suprir suas necessidades energéticas.
Preferencialmente, pelas vias "normais" de negociação e comércio e não pela invasão e ocupação militar.

Entretanto, nem sempre o que poderia ser é o que realmente é.

Que afundem no "Pântano Afegão" então.

Afinal, não serão os primeiros a fazê-lo.


(imagens da WEB)

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