terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O Realismo Político e o Brasil no Conselho de Segurança. - Parte 2

(Para ler a primeira parte deste post acesse: O Realismo Político e o Brasil no Conselho de Segurança. - Parte 1)

(Continuação....)

É consenso entre os estudiosos que o Conselho de Segurança sofre de profundo anacronismo. Este Conselho foi um órgão criado no pós-Segunda Guerra respeitando as relações de poder vigentes àquela época. Na atualidade, há um número significativo de nações com relevância política e econômica suficientes para compor este organismo mas que não foram admitidas até então. As principais nações nessa condição são Japão e Alemanha, só então viriam Brasil e Índia (os dois emergentes do Século XXI).

Teremos que nos defrontar com alguns problemas antes de vermos realizado este sonho.

O Principal:

Criar uma articulação com todas grandes potências no intuito de exigir a reformulação da ONU, trazendo-a para a realidade vigente no Século XXI, aumentando o número de países influentes e retirando o excesso de poder dos EUA.

Em seguida,

Adequar o discurso brasileiro ao cargo que este almeja.

Aproximar-se dos grandes do Continente Americano (Argentina e EUA), e da União Européia (a Alemanha é, atualmente, o pais que mais investe no Brasil, convém maior aproximação política em relação aos alemães) . As alianças com os árabes e muçulmanos, mesmo que importantes, devem ser deixadas para um segundo momento.

Afinal, o ditado: “Diga-me com quem andas e eu te direi quem és.” É muito ilustrativo nas relações entre as Nações.

A terceira ação um desafio interno.

Historicamente somos um país pacifista. O C.S. é, por essência, um “Conselho de Guerra”. Para compô-lo devemos ter que modificar, inclusive, alguns preceitos constitucionais.
O artigo 4º. da Constituição Federal versa que em relação às Relações Internacionais do país, o Brasil se pautará pela:


III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;


Para compor o C.S-ONU o Brasil deve estar pronto para declarar guerras e intervir militarmente em outros países, o que contraria diretamente os parágrafos V, VI e VII do artigo 4o. de nossa Carta Magna. Estaríamos abrindo mão de um pacifismo centenário e ainda contrariando muitos preceitos de nossa “Lei Maior”.

Assim surge a pergunta: “O que estamos dispostos a sacrificar em busca dessa vaga?”

Sem duvida, pertencer ao Conselho de Segurança é um importante reconhecimento formal do status brasileiro perante a comunidade internacional, da mesma forma, representa grande responsabilidade.

O Brasil terá que se sentir capaz de aceitar entrar guerras que não são suas, bem como fazer altos gastos militares para manter tropas treinadas e prontas para entrar em ação a qualquer tempo.

É sabido por todos que não temos Forças Armadas equipadas para conflitos de grande magnitude neste momento.

Estamos dispostos a investir grandes somas para o reequipamento militar em uma fase em que é importante a estabilidade econômica e a melhora dos índices sociais?

Quanto vale o aplauso das grandes nações? Estamos preparados para atacar (e sermos atacados) por um suposto “Eixo do Mal” ?

Somos capazes de realizar uma política externa madura sem pertencermos ao Conselho de Segurança?

São muitas perguntas sem resposta.

Mas uma coisa é certa:

Quanto maior o Poder, maiores as responsabilidades.

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