terça-feira, 21 de outubro de 2008

Orgulho em ser Ecochato.

O maior desserviço aos ambientalistas e estudiosos da questão ambiental foi a a "invenção" do termo: Ecochato.

Em rodas de amigos todo tipo de tema pode "puxar" uma conversa.
Meus amigos, em sua maioria, possuem profissões ditas "normais". São engenheiros, economistas, publicitários.....
Em algum momento de nossas reuniões sempre há alguém que fale de um assunto de trabalho e de como agiu frente a uma situação cotidiana, um problema.....
Até ai normal.....
Como me considero um "ambientalista", mesmo tendo formação de Cientista Social, acabava por colocar alguns temas relacionados ao meu dia-dia em pauta.
Começa que o meu dia-dia já é diferenciado, acabo por saber tanto ou mais sobre a realidade do "resto do Brasil" do que do "Sul-Maravilha". O que já "afugenta" algumas pessoas e complica os "debates" na mesa do bar .
Quando se vive em ambiente urbano, falar sobre a Floresta com tanta proximidade pode causar estranhamento e sucinta perguntas do tipo:
"Você já esteve na Amazônia? Já viu índio?"
Na Amazônia nunca fui, e índios só vi alguns Guarani do litoral paulista e da periferia paulistana, além de alguns Pataxó do sul da Bahia. Também havia alguns índios do Xingu que visitavam o escritório do ISA (enquanto trabalhei lá)....
Pouco? Talvez, mas conheço mais do que a maioria que me cerca.
Vão dizer que meu conhecimento é "de livro" e de "Internet", e estão certos, mas acredito com tantos blogs e meios independentes de informação é possível se conseguir boas fontes de pesquisa sem sair de SP. Diálogos e debates são colocados na rede diariamente e é possível fazer um acompanhamento razoável de questões "distantes" com um pouco de esforço.
Sua opinião é direcionada, você não é idôneo!
Minha opinião é direcionada sim, minha formação e minhas experiências profissionais guiam minha mente e minha escrita. Mas não é assim com todo mundo?
Tento ser imparcial o tanto quanto for possível (afinal sou cientista social), mas tem ocasiões em que exponho opinião pessoal mesmo, mas procuro deixar claro quando isso ocorre.
Na maioria dos casos minha opinião surge como questionamento aos caminhos do modelo desenvolvimentista adotado, que para mim, segue um caminho equivocado, "antigo" até.... Faço isso porque acredito que a nossa sociedade possui maior responsabilidade pelos rumos do futuro do Planeta, afinal tem maior desenvolvimento tecnológico e destroi mais do que as outras.
O fato é que há dificuldade de se falar em "questão ambiental", mesmo entre amigos, se dá, justamente por (ainda) ser comum às pessoas pensarem que é um problema distante (física ou ideologicamente).
Tratar do aquecimento global, dos índios que disputam terras na justiça ou que brigam com garimpeiros só interessa a biólogos, ecólogos , veterinários......
Nos grandes centros a realidade é outra e a tendência é que estes assuntos sejam rechaçados.
Acabei por virar o "ecochato" da turma, mas não me envergonho disso, na verdade até gosto. Torço para que um dia mais pessoas comecem a questionar o que ocorre nos rincões do país, pois a realidade desses locais afeta, e muito, o que ocorre aqui na "cidade grande", e as pessoas "metropolitanas" ainda não estão totalmente conscientes disso (mesmo com cartões de posto de gasolina com credito-carbono e "Bancos do Planeta").
Quem sabe, quando essa consciência estiver mais presente, a abordagem do "meio urbano" frente ao meio "rural" e/ou "selvagem" , seja diferenciada?
Quiçá, mais igualitária.
Espero poder presenciar essa mudança.

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