A Crise Mundial que nos assola não matará o Capitalismo.
Este regime econômico atravessa os séculos graças a sua incrível capacidade de adaptação à condição política e social que se desenha naquele determinado momento histórico.
Um dos melhores termos que já ouvi para descrever este caráter “camaleônico” do Capitalismo é: "Conservadorismo Dinâmico".
Como Cientista Social que sou, fica quase impossível não citar a obra de Marx, este Gênio responsável por um dos melhores trabalhos científicos já publicados sobre um modelo econômico.
Talvez K. Marx seja o maior responsável por desvendar a "alma” deste sistema econômico (e que para muitos de meus companheiros de profissão tornou-se quase um "Deus na Terra", justamente pelo ineditísmo de seu pensamento).
Na verdade, não vou tão longe, ele era um dos melhores cientistas (de ciências humanas) que tivemos, mas esteve longe de ser Divindade.
Outros cientistas sociais "enchem a boca" para falar de (São) Karl Marx, mas no fim, só leram o "Manifesto Comunista" e alguns capítulos-chave de "O Capital" (assim com eu também fiz, pois, “O Capital” é enorme, complexo e, ainda assim, não chegou a ser finalizado ).
A análise marxiana é adequada à sua época.
Suas descobertas em relação a "mais valia" e ao "fetiche da mercadoria" foram essenciais para o melhor entendimento do sistema econômico que nos cerca até hoje.
Naquela época não se falava (tão pouco se imaginava) uma Crise Ambiental como a que vivemos hoje, muito menos, o tamanho do impacto da produção industrial na Natureza.
É preciso uma reavaliação de alguns conceitos, pois, a equação econômica do modelo marxiano possui uma variável ambiental, que na época de Marx estava oculta em seus estudos, mas hoje está incrivelmente latente.
Torna-se cada vez mais necessária a explicitação do valor (intrínseco) que o ambiente possui na produção industrial moderna.
A ONG WWF lançou um relatório em que considera o Brasil o 2º. maior credor ambiental do Planeta, perdendo apenas para os EUA (!!!???).
A conta da ONG inclui o impacto direto e indireto da produção e comercialização de produtos industrializados no ambiente natural.
Ou seja, a carne que é exportada do Brasil para a Europa passa a contabilizar as áreas desmatadas na Amazônia para pasto e também a água consumida pelo gado durante seu processo de engorda.
A WWF vai mais longe, afirmando que o cálculo do PIB deveria considerar (inclusive) os recursos naturais necessários à geração da riqueza daquela Nação.
Quem sabe, com essa mudança de postura (e consequentemente de cálculo), o Mundo comece a perceber que o valor do produto vai além do preço expresso na etiqueta...
Passaram-se quase de 150 anos desde que Marx escreveu seu "Master-Piece"... Muros subiram e caíram, bolsas quebraram e voltaram, houve duas Guerras Mundiais, e outras tantas guerras quentes e frias, bombas atômicas, conquistas espaciais e medicinais...
E o Capitalismo continua sendo encarado por muitos como na época de K. Marx.
Enquanto for desta maneira, não haverá saída para crise ambiental que bate à nossa porta.
Na minha humilde opinião, caso a produção industrial comece a contabilizar o passivo e o ativo ambiental das nações, o Brasil finalmente perderá sua condição de "emergente" para se tornar, enfim, a "maior Nação do novo milênio", capaz de criar novos paradigmas de desenvolvimento.
Pré-requisitos? Temos de sobra...
Mas isso é apenas um devaneio de um sociólogo/ambientalista sonhador
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
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