Já escrevi anteriormente que a categoria de índios "isolados" poderia ser chamada também de índios "refugiados", pois, são povos que estão adentrando cada vez mais a mata em busca de um isolamento ante a nossa sociedade .
O problema de alguns desses povos é a "fome energética" que o Brasil vive na atualidade.
Se Povos "mais do que conhecidos" , como os do Rio Xingu, estão com problemas seríssimos relacionados à Usina de Belo Monte. Os "isolados" do Madeira também sofrem com as obras da (futura) "Usina Hidrelétrica de Santo Antônio do Jirau".
Há relatos sobre a existência de pelo menos 5 grupos distintos de "isolados" na área de impacto direto da Usina de Jirau, sendo que um desses grupos está a meros 14 km do canteiro central de obras.
O Consórcio responsável pelo projeto afirma não ter nenhum relato que dê conta da existência de povos isolados, quanto mais estando tão próximos da obra. Sendo assim, dá-se continuidade ao processo de licenciamento e obras.
Ongs e movimentos sociais especializados em questão indígena afirmam que a ocupação da área por povos "isolados" já foi detectada há algum tempo, mas sumariamente ignorada pelo Governo, construtores e pelas forças políticas locais.
A Ong "Associação Etno - Ambiental Kanindé", denunciou formalmente o Governo Brasileiro e os responsáveis pela obra ao "Tribunal Latino americano da Água", pela arbitrariedade cometida na realização da obra, e o (conveniente) "esquecimento" dos estudos que poderiam detectar a presença desses povos na área de impacto da Usina.
Sidney Possuelo, ex-presidente da Funai, e um dos maiores especialistas em "Isolados" do Mundo, afirma que o Governo do Brasil pode responder por "crime contra populações indígenas".
A Obra, logicamente, corre o risco de ser suspensa.
"Pesa grande responsabilidade para a Funai em bater o pé e dizer: não tem canteiro de obras até que se verifique se os índios existem".
O caso é "surreal"!
O Governo, se esforça para não paralisar uma das obras mais emblemáticas do PAC, faz estudos às pressas e "esquece" de catalogar a existência desses povos.
Ora, são 5 Povos Isolados na região!!!
E mesmo estando isolados já havia indícios de sua existência. Bastava perguntar à Funai, ao ISA, ao Greenpeace....
Das duas uma, ou foi negligência , ou má-fé.
Seja qual for a opção "correta" a esta resposta, o prejuízo é dos Isolados, que foram tratados como "coisa" e não como cidadãos brasileiros (que realmente são).
Assim como pensa Possuelo, também creio que o Governo deve optar pelo estudo aprofundado de uma área antes de propor qualquer projeto de grande impacto. Não apenas "fingir" que estudou para apressar um projeto estratégico.
Acredito que o valor cultural desses Povos Isolados (mesmo estando isolados) é infinitamente mais importante do que a meia-dúzia de Megawatts provenientes desta obra.
Espero que o Governo também defina suas prioridades de maneira consciente e re-pense a necessidade desta Usina (e de outras também).
Oxalá atitudes como esta levem a mudanças no processo de demarcação de terras para povos isolados, fazendo com que qualquer sinal de presença dessas populações inicie um processo demarcatório feito "de fora para dentro", no qual a terra seria delimitada sem que eles nem ao menos se dessem conta disso, mas que garantiria a sua proteção contra a nossa presença.
(Com apoio das Fontes: Ambiente Brasil e O Globo - 20/10/08)
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