segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Os EUA e o "Dilema de Tostines"

A junção de conhecimentos entre um estudante de Relações Internacionais e um militar reformado parece dar resultados interessantes (post feito a partir de conversas com meu, experientíssimo, avô Chico) .

Os EUA estão em grave crise, essa semana foram rebaixados nos índices econômicos da Standard & Poor´s. A crise econômica se torna política, as soluções parecem paliativas, baseadas em modelos antigos e parecem não estar surtindo o efeito desejado. Os EUA estão envolvidos em 3 guerras. Não sairam do Iraque, não deram prazo para sair do Afeganistão e estão, ativamente, envolvidos na "Primavera Árabe" (mormente nas revoltas da Líbia). Os americanos gastam, em média, US$ 2 bilhões por dia (é por DIA, mesmo) com esses conflitos. Esforço que obriga a emissão perdulária de moeda.

É principio capitalista que as indústrias sejam parte da soberania de cada Estado. Os EUA tranferiam a maior parte das suas para outros países do globo, onde a mão de obra é mais barata. A consequência é que, atualmente, o Produto Nacional Bruto (PNB) é maior do que o Produto Interno Bruto (PIB).

O PNB é todo o lucro ganho por empresas de um país, em território estrangeiro, e enviado ao país da matriz. O PIB é toda a riqueza produzida dentro do território de um país. Ou seja, os EUA recebem mais dinheiro vindo de empresas americanas com fábricas no exterior do que com as que estão dentro de suas fronteiras. Os EUA recebem muito dinheiro vindo do pagamento de licenças de uso e Royalties, mas, não da fabricação direta do produto. Vejam o exemplo do Ipod. No verso do "gadget" está escrito: "Designed at Sylicon Valley - CA". "Made in China". Os empregos de criação estão nos EUA, são altamente remunerados, mas existem em menor número do que os empregos em produção, de remeuneração mais baixa, mas com maior número de pessoas envolvidas na cadeia produtiva, que estão na China.

A situação se repete quando se analisa o mercado de carros, o de roupas, o de eletro-eletrônicos....A única indústria 100% americana é a indústria bélica (por questões de soberania). O jeito mais racional de se manter essa indústria em ação é produzir armas e produzir mercados para elas, ou seja, fomentando guerras.

O maior problema é que financiar os outros aspectos das guerras é caro. Caimos, então, no "Dilema de Tostines":
O país não quebra se continuar incentivar a indústria interna; entretanto, a indústria interna (que é bélica) exige altos investimentos para se manter (e mesmo assim, nunca empregará a maior parte da população).

Não será surpresa se os EUA, em breve, passarem a invadir mais países em busca de "commodities" para sustentar sua economia. Que é uma das formas de se trazer o dinheiro que já esteve nos EUA de volta a seu território.

Temos, à vista, uma equação complexa e e explosiva.

Conversava, durante o último fim de semana, com o João Bacellar ( fotógrafo e amigo, desde sempre), chegamos à conclusão de que nossa geração corre grande risco de presenciar um desses momentos "vértice" da sociedade humana. Ele, mais otimista, vê a possibilidade de uma crise aos moldes do "Crash de 29"; eu, mais fatalista, acredito em algo com impacto social semelhante a uma nova "Revolução Industrial" ou uma ''Segunda Guerra". Isso não é para "agora", mas poderia ocorrer em 10, 20, 30 anos..... (assim penso eu)

No fim, espero que ele esteja certo, minha previsão é assustadora demais.


(Fonte Imagem: http://spb.fotolog.com/photo/27/9/125/ceboladoce/1298145481368_f.jpg)

sábado, 6 de agosto de 2011

Sai Jobim, entra Amorim

Nelson Jobim é passado, após, praticamente, forçar sua saída nos últimos meses, o ex-ministro foi, efetivamente, retirado do cargo na quinta feira passada. Motivos para sua saída não faltaram. Criticou os rumos do governo atual, os colegas de Planalto e divulgou que votara no concorrente de sua empregadora, nas eleições passadas. Partindo do principio de que voto é secreto, divulgá-lo é desnecessário, afirmar que votou na "concorrência" é provocação gratuita que não passaria despercebida. Para agir dessa forma, Jobim deveria estar muito contrariado, que sabe, um dia, saberemos os reais motivos de sua demissão. Suspeito que tenha a ver com o descontrole da presidente em relação ao PMDB, mas isso é pura especulação minha.

Gostei da escolha de Celso Amorim para ministro da Defesa, acredito que o Itamaraty e a Defesa têm muito em comum. Ambos lidam com a preservação dos interesses nacionais no âmbito externo, a experiência obtida no naquele ministério será de muita valia nesse. Quando a mudança foi anunciada no jornal, eu estava na casa de meu avô (um Coronel do Exército, reformado, de 87 anos, mais lúcido que muitos jovens que existem por ai), não resisti e perguntei-lhe o que achava da troca. O corporativismo dele é suficientemente grande para que criticasse os dois ministros ( o novo e o anterior), creio que queria ver alguém de "Armas" naquele cargo, mas penso que a imagem de Jobim usando farda camuflada (foto) foi provocativa demais para o coração "verde oliva" de meu avô. O respeitoso senhor apenas desferiu: "Que roupa camuflada é essa? Qual a patente desse homem?" Calou-se, contrariado.

Como bom diplomata de carreira, Celso Amorim é bastante rodado, já passou pela área da Cultura (na extinta Embrafilme, nos anos 80) e é recordista em permanência na Pasta das Relações Exteriores, com dez anos e alguns meses, em duas passagens pelo Itamaraty (Governo Itamar Franco , 93-95 e Governo Lula, 2003-2010). Sua trajetória e, notória, competência política são indícios de que há grandes chances de boa condução da Pasta da Defesa, acredito em maior integração entre aquele ministério e o Itamaraty. Antônio Patriota e Amorim são da mesma escola política (herdeiros intelectuais de Samuel Pinheiro Guimarães), acreditam no "Brasil Grande", porta-voz dos "Emergentes" e igual aos "Desenvolvidos".

Não haverá espanto caso a questão da compra dos Caças ("Programa FX") volte à pauta e caso o Brasil decida reativar seu programa nuclear (de maneira mais veemente). Antes que os mais alarmados acreditem que o Brasil está se preparando para a guerra, adianto que é um pressuposto das Relações Internacionais que todo país que deseja ser "Potência" tem expertise nuclear e também tem Forças Armadas aparelhadas. Não há nada de mal nisso. Uma coisa é possuir armas, a outra, é usá-las. Nas Relações Exteriores a imagem conta muito; portanto, devemos mostrar ao mundo qual é a posição que nosso país deseja ocupar daqui para frente.

No fim, acredito que foi uma escolha sóbria de Dilma, a expectativa é positiva, espero que ela se confirme.

Fonte da Imagem : http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4e/Nelsonjobim.jpg)